BRASIL

Justiça concede liberdade a filho de Flordelis absolvido por morte de pastor

Ele será o primeiro membro da família a deixar a cadeia

Ex-deputada Flordelis dos Santos - Fernando Frazão / Agência Brasil

A Justiça concedeu, nessa quarta-feira (27), liberdade condicional a Carlos Ubiraci Francisco da Silva, filho afetivo da ex-deputada Flordelis dos Santos de Souza. Ele foi absolvido de participação na morte do pastor Anderson do Carmo, marido da ex-parlamentar e também pastora, mas condenado por associação criminosa armada. Carlos Ubiraci será o primeiro dos nove membros da família, incluindo a própria Flordelis, a deixar a cadeia.

O pedido do benefício foi feito pelo advogado Luiz Gregório, que defende o filho de Flordelis. Carlos está atualmente no presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Atrás das grades há um ano e oito meses, ele foi julgado no dia 12 do mês passado e recebeu uma pena de dois anos e dois meses de prisão, pouco maior do que o período que ja passou encarcerado.

Na liberdade condicional, o réu fica obrigado apenas a cumprir algumas condições impostas pela Vara de Execuções Penais (VEP), como "obter ocupação lícita". Essa é a última "etapa" de cumprimento de pena antes de o réu ficar definitivamente livre, com o término da punição. Neste momento, também é possível sair da cidade se onde mora sem precisar de autorização do juiz da VEP.

Carlos foi absolvido das acusações de homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio duplamente qualificada, já que também respondia por envolvimento no plano para envenenar o pastor Anderson. No julgamento, Carlos responsabilizou Flordelis pelo assassinato pela primeira vez, afirmando que "acredita, sim" que ela teve participação direta na trama.
 

A defesa de Carlos Ubiraci adotou uma estratégia de demonstrar aos sete jurados que o réu era submisso à mãe e também dependia financeiramente da ex-deputada. Questionadas pelo advogado Luiz Gregório, testemunhas relataram que Carlos precisava pedir autorização de Flordelis e Anderson até mesmo para viajar. Em uma ocasião, Carlos ganhou de fieis da igreja de Piratininga, filial que comandava, uma ida para a Região dos Lagos, e precisou pedir permissão para realizá-la, o que acabou não acontecendo.

Outro filho de Flordelis, Adriano dos Santos Rodrigues, que era acusado de participação em uma trama para confeccionar uma carta que atrapalhava as investigações do caso, foi condenado, no mesmo julgamento, a 4 anos, 6 meses e 20 dias pelos crimes de uso de documento falso e associação criminosa armada.

Já o ex-policial militar Marcos Siqueira e sua mulher, Andrea Santos Maia, foram condenados por terem participado da trama da carta. Eles foram condenados por uso de documento falso e associação criminosa armada. Andrea recebeu pena de 4 anos, 3 meses e 10 dias e Marcos, 5 anos e 20 dias.

Outro filho de Flordelis, André Luiz de Oliveira responderia no julgamento por tentativa de homicídio duplamente qualificado, homicídio triplamente qualificado e associação criminosa, mas teve a audiência adiada depois que o advogado passou mal. Em novembro do ano passado, Lucas Cezar dos Santos e Flávio dos Santos Rodrigues — também herdeiros da pastora — foram condenados pelo assassinato de Anderson. Flordelis, que é apontada como mandante da execução a tiros do marido, duas netas e uma filha, rés no mesmo processo, tiveram o julgamento marcado para o dia 9 de maio deste ano.