Desigualdade de gênero

Veja 7 discriminações sofridas por mulheres no trabalho (e ideias para criar a equidade de gênero)

Empresas precisam pensar e agir sobre sexismo, etarismo, assédio, violência doméstica, desigualdade salarial, sobrecarga materna e divisão sexual do trabalho

Mulheres ainda sofrem com o machismo estrutural no mercado de trabalho - Pixabay

O caminho profissional de uma mulher é sempre atravessado pela discriminação de gênero — mesmo que ela não se dê conta. O machismo estrutural existe e mina oportunidades, gera exaustão e ciclos de violência.

No mercado de trabalho, um microcosmo da sociedade, as opressões se acumulam: mulheres negras têm suas carreiras afetadas também pelo racismo; as que se afirmam lésbicas ou bissexuais enfrentam também a lgbtfobia. Há ainda quem não tenha chances. Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais mostram que 90% delas têm na prostituição sua única fonte de renda.

Felizmente, cada vez mais organizações investem em educação, ações afirmativas e acolhimento. Única empresa na América Latina com o selo Edge Lead, que avalia o equilíbrio de gênero em toda a carteira de talentos, a L’Oréal tem, no Brasil, 51% dos cargos de liderança ocupados por mulheres.

"Temos políticas para mães e primeiros cuidadores, além de um programa educacional, financeiro e psicológico de apoio a mulheres em situação de violência doméstica. Todas estão protegidas com seus direitos e benefícios", diz Nathalia Mainardi, Gerente Sr. de Remuneração, Benefícios, Mobilidade Internacional e Operações de RH da L’Oréal Brasil.

A seguir, veja uma lista com sete discriminações sofridas por mulheres no mercado de trabalho, um mapa para quem quer entender o problema e construir ambientes em que os apertos de mão — e não as passadas — são a regra.

A discriminação com base no gênero afasta, por exemplo, meninas e mulheres das disciplinas que integram a sigla STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática, em inglês) e também as coloca como maioria nas profissões que envolvem cuidado como enfermagem. Embora elas sejam 54% dos doutorandos do país, em disciplinas como Ciência da Computação e Matemática são menos de 25%. Já pensou em contratar uma engenheira?

Não é segredo que nossa sociedade valoriza a juventude das mulheres. A pesquisa Global Learner, realizada pela Pearson em parceria com a Morning Consultancy, ouviu 6 mil mulheres em diversos países, incluindo o Brasil, e 65% das entrevistadas afirmaram que a discriminação por idade as afeta no trabalho. Quando jovens, não são consideradas qualificadas o bastante. Depois dos 50, são desvalorizadas. E há ainda a pressão estética: mulheres se sentem mais pressionadas a esconder — também no trabalho — sinais do tempo como cabelos brancos. É justo?

O IBGE mostrou que, em 2021, apenas 54,6% das mães de 25 a 49 anos com crianças de até 3 anos estavam empregadas. A situação é ainda pior no caso das mães negras: só 49,7% delas tinham emprego. E, mesmo quem tinha um cargo, sofria com a falta de acolhimento nas organizações, o que, aliás, tem “empurrado” muitas mães para o empreendedorismo. Medidas como licença parental, flexibilidade de horários, espaços para lactantes e creches, felizmente, têm sido mais frequentes.

O cuidado com a casa e a família é tido pela sociedade como um gesto de amor, mas é trabalho não remunerado que consome de forma desigual o tempo das mulheres. Sobrecarregadas pela dupla jornada, elas são afastadas de seus objetivos profissionais e sua presença na economia é desvalorizada. Mas, aos poucos, empresas usam o espaço corporativo para discutir a divisão sexual do trabalho e novos modelos de masculinidade.

A lacuna entre os salários de homens e mulheres é tal que já existe o Equal Pay Day, dia criado para simbolizar oquanto uma mulher tem que trabalhar para ganhar o mesmo que um homem. Em 2022, o Equal Pay Day foi 15 de março. Ou seja, uma mulher teria que trabalhar de 1º de janeiro de 2021 até 15 de março de 2022 para ganhar o mesmo que um homem que trabalhou de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2021. Dois meses e meio a mais... Fica a dica: a seleção de futebol feminino dos EUA conseguiu a equiparação salarial com o time masculino.

Em pesquisa do Instituto Patricia Galvão, 76% das entrevistadas já tinha sofrido algum tipo de assédio, violência ou constrangimento no trabalho. As consequências vão da queda no rendimento até humilhação e depressão. Numa economia cada vez mais digital, as situações de assédio se repetem nas redes corporativas e já chegaram ao metaverso. O que fazer? Educar pessoas e algoritmos.

O Instituto Maria da Penha avalia que mulheres em situação de violência doméstica faltam ao trabalho em média 18 dias por ano, um prejuízo de aproximadamente R$ 1 bilhão ao país— sem falar nos imensos danos emocionais e afetivos enfrentados por elas. Magazine Luiza e Uber são exemplos de investimentos em prevenção e acolhimento, o que inclui até transferência de sede.