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Um ano depois, sobreviventes do desabamento do metrô no México exigem sua demolição

Vítimas colocaram cruzes de mais de dois metros de altura feitas com lírios e rosas vermelhas ao pé da viga caída

Familiares e sobreviventes de tragédia no México carregam cruzes - Claudio Cruz/ AFP

Abraçados, chorando e indignados com o "abandono" do Ministério Público local, sobreviventes e familiares dos mortos no desabamento de um trecho elevado do metrô da Cidade do México marcaram nesta terça-feira (3) o primeiro aniversário da tragédia.

"Não há nada que possa restaurar a vida dos nossos familiares (...), mas hoje queremos deixar uma marca e queremos que isso não volte a acontecer", disse Marisol Tapia, mãe de um menino de 12 anos que faleceu na trágica noite de 3 de maio de 2021.

As vítimas colocaram cruzes de mais de dois metros de altura feitas com lírios e rosas vermelhas ao pé da viga caída da Linha 12. Mantas pretas cobrem parte da estrutura destruída há um ano, que deixou 26 mortos e dezenas de feridos.

 "Hoje fomos nós, mas queremos evitar que amanhã outra desgraça como essa aconteça", acrescentou a mãe de Brandon Giovanni, que viajava no metrô naquela noite para comprar um presente para ela.

O Grupo Carso, do magnata mexicano Carlos Slim, afirmou que vai reparar a via colapsada e reforçar a parte que construiu do trecho elevado para adaptá-la às novas exigências que o governo local implementou após um terremoto, que deixou mais de 369 mortos em 2017.

Mas este grupo de 12 familiares, separado dos demais, considera que é necessário que todo o trecho seja demolido, por temores de que volte a desabar.

- Graves sequelas -
"Estou à deriva por falta de apoio", diz Santiago, que confessa entre lágrimas que tentou suicídio duas vezes. "Tenho uma coxa quebrada, problemas na tíbia também e não consigo andar", conta ele.

Na noite de 3 de maio, Santiago viajava em um dos vagões que ficaram pendurados após o colapso da viga na altura da estação Olivo, no populoso leste da metrópole.

Noventa por centro dos parentes dos falecidos e dos feridos assinaram acordos de indenização com a construtora de Slim, que incluem uma cláusula de confidencialidade e a promessa do beneficiário de se abster de qualquer ação judicial no futuro.

No entanto, o acordo, vazado na imprensa, estabelece também que a empresa não admite qualquer culpa no incidente.

Esse grupo de 12 familiares se recusa a assinar esses acordos porque, segundo eles, o Ministério Público da capital mexicana não considerou os laudos periciais para calcular a indenização pelo dano integral.

“Sabendo que não há quantia que possa reparar a perda de um ente querido e de acordo com o princípio da justiça alternativa, foi elaborado um diagnóstico que ponderou os rendimentos que as vítimas deixaram ou deixarão de receber", explicou a procuradora-geral da Cidade do México, Ernestina Godoy, em mensagem divulgada na segunda-feira.

A investigação fiscal concluiu que o desabamento foi causado por "erros na sua construção" que colocaram em risco "a estabilidade estrutural" dessa parte da obra.

Oito ex-funcionários e dois representantes legais foram acusados pela provável prática de homicídio e danos culposos. Uma audiência marcada para segunda-feira foi adiada para 6 de junho porque um dos acusados não compareceu.