Taxa básica de juros sobe para 12,75%; entenda o que isso representa para a sua vida
Esta é a décima alta consecutiva. Variações no índice são usadas como mecanismo de controle da inflação e servem de 'termômetro' para a economia.
Índice que, na prática, serve de base para a aplicação dos juros em toda a economia brasileira, a Selic subiu mais uma vez. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu na quarta-feira (4), por unanimidade, elevar em um ponto a taxa básica, que antes era de 11,75% e agora chega a 12,75%, o maior percentual em cinco anos, aproximando-se dos 13% registrados em fevereiro de 2017.
Esta já é a décima alta consecutiva na Selic, que não para de crescer desde março do ano passado. Até então, a taxa vinha sendo reduzida, chegando a atingir, em agosto de 2020, 2%, o menor índice da série histórica iniciada em 1986. Segundo o último boletim Focus, em que o BC mede as expectativas do mercado financeiro, a projeção é que 2022 termine com uma taxa de 13,25% ao ano.
Em comunicado, a instituição observou que o ambiente externo continuou se deteriorando e que as pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de Covid-19 na China e da guerra na Ucrânia. O Copom indicou ainda que, na próxima reunião, deve manter o aperto monetário, mas com um reajuste menor do que um ponto percentual.
Controle inflacionário
Acompanhar as variações da Selic é importante, porque elas são usadas como mecanismo de controle da inflação (veja no infográfico), servindo de termômetro para a economia. Como explica o planejador financeiro Hélio Mota, é uma maneira de incentivar as pessoas a investir nos títulos públicos, ou seja, no próprio Governo.
“Quando sobe a taxa de juros, as coisas como um todo ficam mais caras. Por exemplo, quando o pequeno empresário pega um empréstimo ou paga um parcelamento, encontra a taxa lá em cima. A ideia é que, de um modo geral, as pessoas consumam menos. E, com a demanda pelos produtos diminuindo, o preço tende a baixar”, detalha.
Para os investidores, este momento de alta torna os investimentos de renda fixa mais atraentes, mas isso não significa que se deve deixar de lado os de renda variável, como as ações e os fundos imobiliários, que não dependem da Selic. “A valorização pode cair sobre algumas empresas, mas isso é momentâneo. Neste cenário, conseguimos achar diversas opções boas de investimento na renda variável”, avalia Hélio Mota.
Portfólio diversificado
É por causa dessas oscilações na economia que se deve manter um portfólio diversificado de investimentos, a depender dos objetivos e do perfil de cada investidor. Há três anos, a designer e publicitária Ingrid Torres, 32, começou a estudar sobre o assunto e aprimorar a cartela de aplicações.
“Não tenho pretensão de trabalhar com isso, mas hoje é parte do meu lazer ler sobre economia, política e investimentos. Tenho um perfil moderado. Gosto sempre de manter alguma renda fixa para acompanhar e compro ações de empresas consolidadas. E gosto de ler sobre a participação dessas empresas no mercado”, conta.
Para ela, variações como as da Selic não afetam as estratégias. “Eu me sinto mais segura em relação ao dinheiro hoje em dia porque aprendi como ele funciona a partir dessa experiência. As oscilações são inerentes à economia”, conclui.