Copa do Mundo 2022

Chile alega escalação irregular de jogador e pleiteia vaga do Equador na Copa do Mundo do Catar

Byron Castillo teria nascido na Colômbia três anos antes do que consta em inscrição

Seleção Chilena alega que lateral Byron Castillo, do Equador, foi escalado ilegalmente - Reprodução/Twitter/Seleção do Equador

As Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar podem sofrer uma reviravolta aos 48 minutos do segundo tempo — e justamente na América do Sul. Isso porque o Chile pleiteia na Fifa a vaga conquistada no campo pelo Equador. De acordo com o jornal "The New York Times", os chilenos alegam que os rivais usaram um jogador inelegível, que seria, na verdade, colombiano.

Para defender seu ponto de vista, o Chile enviou um dosisê com documentos que incluem até a certidão de nascimento do lateral Byron Castillo, que teria nascido na Colômbia três anos antes do que consta nos registros usados para identificá-lo como equatoriano.

O Equador terminou as Eliminatórias em quarto lugar, com uma vaga direta no Mundial. Mas o regulamento da Fifa indica punições severas pela escalação de atletas irregulares, o que resultaria em perdas de pontos e, consequentemente, na saída da zona de classificação.

Em sua queixa, o Chile pede que o Equador seja declarado derrotado nas oito partidas em que Castillo esteve em campo, o que automaticamente daria três pontos aos adversários dos equatorianos em cada um desses duelos.

Como o defensor não enfrentou o Peru (quinto, hoje na repescagem) e a Colômbia (sexta, fora da Copa) em nenhuma partida, mas atuou duas vezes diante do Chile — 0 a 0 e 2 a 0 —, La Roja conquistaria cinco pontos (saltaria de 19 para 24), herdaria a posição dos equatorianos (que cairiam de 26 para 22) na tabela e, consequentemente, a vaga no Mundial. O Peru soma 24 e a Colômbia, 23 — para esses dois países, nada mudaria.

Para conduzir o processo, o Chile contratou o advogado brasileiro Eduardo Carlezzo, que já havia defendido a seleção do país em um caso similar durante as Eliminatórias para a Copa da Rússia. À época, os chilenos contestaram a escalação de Nelson Cabrera pela Bolívia e tiveram o pedido aceito pela Fifa, herdando os três pontos da partida.

A nacionalidade de Castillo tem sido questionada há vários anos, desde que a uma investigação no Equador examinou centenas de casos e puniu ao menos 75 jogadores jovens por fraudes em documentos.

"O nível, tanto em quantidade quanto em qualidade, de informação e evidências que fomos capazes de colher até nos surpreendeu", afirma Carlezzo ao "NYT".

O advogado conta que, além da certidão de nascimento equatoriana usada por Castillo, há uma outra, de origem colombiana, para uma criança com o nome similar e com os mesmos pais de Castillo.

"Como não agir com esse nível de evidência em mãos?", completa Carlezzo .

O caso de Castillo despertou a preocupação de dirigentes equatorianos bem antes da alegação chilena. Ainda em 2021, Carlos Manzur, vice-presidente da federação local, afirmou que não convocaria o jogador para "não colocar em risco tudo o que tem sido feito" bem pela seleção.

Um mês depois, porém, uma corte equatoriana emitiu um documento que supostamente daria respaldo jurídico à utilização de Castillo. O jogador do Barcelona de Guayaquil estreou cerca de cinco meses mais tarde e, desde então, participou de oito partidas das Eliminatórias — justamente a que os chilenos desejam anular. O próprio Manzur, então, reviu sua posição e argumentou que qualquer inconsistência na documentação de Castillo havia sido esclarecida e sua identidade, confirmada.

O presidente da federação chilena, Pablo Milad, porém, questiona essa versão ao "NYT":

"Nós entendemos, baseados em todas as informações e documentos colectados, que os fatos são muito sérios e devem ser investigados pela Fifa. Nós sempre respeitamos os princípios do fair play e esperamos que outras federações façam o mesmo."

Em nota oficial divulgada nesta quinta-feira, a federação alegou que "existem inúmeras provas de que o jogador nasceu na Colômbia, na cidade de Tumaco, em 25 de julho de 1995, e não em 10 de novembro de 1998, na cidade equatoriana de General Villamil Playas".