Itália corre para descobrir dono do superiate Scheherazade após suspeita de ligação com Putin
Meses parada na Marina di Carrara, embarcação de US$ 700 milhões deu sinais de que pode estar prestes a zarpar; Fora da Europa, não poderia ser apreendida
A polícia italiana tenta desde março descobrir quem é o dono do superiate Scheherazade, avaliado em US$ 700 milhões, que está ancorado na Marina di Carrara, na Toscana. Nesta semana, porém, autoridades registraram que a embarcação deixou a doca seca e voltou para a água, o que pode indicar que estaria prestes a zarpar.
O superiate é alvo de investigação porque há suspeita de que estaria ligado ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. Caso a propriedade seja confirmada, poderia ser confiscado, como parte das sanções impostas contra o país por conta da guerra na Ucrânia. Uma porta-voz da polícia financeira da Itália, que lidera o inquérito nacional e internacional sobre o caso, disse que, se o navio sair antes da conclusão da investigação, não haverá nada que as autoridades possam fazer para impedi-lo.
Conforme o jornal New York Times, o capitão do navio, o britânico Guy Bennett-Pearce, se recusou a responder questionamentos sobre a movimentação mais recente, apesar de já ter dado entrevistas sobre o assunto anteriormente. Um ex-tripulante disse que o navio pode estar pronto para zarpar imediatamente, mas que primeiro passará por testes no mar para verificar todos os equipamentos. Algo comum para um navio em reparo e, neste caso, parado no porto desde setembro.
Em março, o capitão Bennett-Pearce disse ao Times que o proprietário do navio — que ele não identificou — não estava em nenhuma lista de sanções. Já um ex-tripulante, sob condição de anonimato, afirmou ao jornal que os funcionários do navio discutiram abertamente que o verdadeiro dono do Scheherazade era Putin.
No início de março, autoridades americanas disseram que o iate tinha ligações com Putin, sem oferecer detalhes. Uma equipe de jornalistas que trabalham para o líder da oposição russa Alexei Navalny obteve uma lista de membros da tripulação e apontou que muitos deles eram funcionários da agência russa que trabalha na segurança de Putin.
A mídia italiana chegou a informar que o proprietário foi identificado como Eduard Khudainatov, um magnata do petróleo que não está atualmente sob sanções. Ele é um associado de longa data de Igor Sechin, um aliado próximo de Putin e presidente da petrolífera estatal russa Rosneft, que seria o proprietário de outro superiate apreendido em março.
O nome de Khudainatov também surgiu no caso de outro superiate, o Amadea. Na terça-feira, o mais alto tribunal de Fiji deu permissão aos Estados Unidos para apreender o iate de US$ 325 milhões, que está detido no país do Pacífico Sul desde o mês passado. Porém, há um impasse sobre o caso: o governo americano aponta que o proprietário do navio é Suleiman A. Kerimov, um magnata do ouro da Rússia que está sob sanções dos EUA. Por outro lado, os advogados de defesa dele afirmam que o verdadeiro dono é Khudainatov, confirme informou a Associated Press.
Ainda não há pistas para o destino do Scheherazade , mas outros superiates de propriedade russa que passaram ilesos das sanções americanas e europeias oferecem algumas possibilidades. Dois navios do bilionário Roman Abramovich estão em águas turcas há semanas. Outros vagaram pelas Maldivas. O Nord, de propriedade do bilionário Alexei Mordashov, foi muito mais longe, chegando ao porto russo de Vladivostok no final de março, segundo dados da Marine Traffic, que rastreia embarcações.