Equador

Motim em prisão do Equador deixa ao menos 43 mortos

Nas prisões equatorianas, 350 detentos morreram brutalmente desde fevereiro de 2021

Bandeira do Equador. No último domingo, um confronto eclodiu na prisão de El Turi, na cidade andina de Cuenca, porque - Pixabay

Pelo menos 43 detentos morreram em um motim em uma prisão no centro do Equador, país afetado pelo aumento vertiginoso do tráfico de drogas e da criminalidade, informaram autoridades nesta segunda-feira (9).

"Até o momento são 43 presidiários mortos" na penitenciária Bellavista, em Santo Domingo los Tsáchilas (Colorados, a 80 Km de Quito), informou a instituição no Twitter

O ministro do Interior, Patricio Carrillo, que mais cedo anunciou dois mortos e cinco feridos, afirmou em coletiva de imprensa que são 41 mortos.

Carrillo garantiu que "todos os pavilhões estão sob controle" das autoridades.

Nas prisões equatorianas, 350 detentos morreram brutalmente desde fevereiro de 2021, em meio a uma violência atribuída pelo governo ao confronto entre os grupos criminosos ligados ao tráfico de drogas

As autoridades reforçaram que confrontos entre as gangues estão por trás da violência em Bellavista.

"Este é um resultado lamentável da violência entre gangues", tuitou o presidente Guillermo Lasso, em viagem a Israel. 

O grupo Los Lobos "atacou e eliminou 41 pessoas de outra organização", disse Carrillo, em alusão a uma de suas facções, a chamada "R7".

Os feridos foram levados em caminhonetes e ambulâncias para receber atendimento médico, enquanto familiares se aglomeravam nos arredores da penitenciárias, constatou a AFP.

Os fatos derivam de uma tentativa de fuga, mas as autoridades recapturaram pelo menos 112 fugitivos, disse Carrillo.

Apesar das múltiplas medidas - que incluem alocação de verba, transferência dos presos mais perigosos a um centro específico e a criação de uma comissão de pacificação - o governo de Lasso não consegue conter as mais graves rebeliões penitenciárias da América Latina.

Apreensões e transferências de presos

Além dos massacres nas prisões, o Equador enfrenta um aumento da violência nas ruas e do tráfico de drogas, que o governo tenta controlar com um estado de exceção nas províncias de Guayas, Manabí e Esmeraldas, as mais afetadas.

No decorrer deste ano, o país já apreendeu 82 toneladas de drogas e em 2021 atingiu o recorde de 210 toneladas.

Nos quatro primeiros meses deste ano, foram registradas 1.255 mortes violentas - incluindo decapitados e mutilados - a metade do registrado em todo o ano de 2021.

Um mês antes desta nova rebelião em Bellavista, um confronto entre presos do centro penitenciário de El Turi, na cidade andina de Cuenca (sul), deixou 20 mortos, alguns mutilados.

O órgão encarregado de administrar as penitenciárias, o SNAI, afirmou que ativou "protocolos de segurança" para conter as "alterações de ordem" na prisão.

As autoridades preveem realizar uma operação de apreensão de armas na prisão e transferir os líderes das quadrilhas a um presídio na província de Guayas (sudoeste), onde foram relatadas as rebeliões mais mortais desde fevereiro do ano passado.

O confinamento é outro problema das prisões equatorianas: as 65 penitenciárias do país têm capacidade para 30 mil pessoas, mas abrigam cerca de 35 mil, segundo as autoridades.