Mundo terá 29 novas fábricas de semicondutores para indústria automotiva até 2023
Investimentos no Brasil para ter produção local podem chegar a US$ 2 bilhões
Pelo menos 29 novas fábricas de semicondutores serão inauguradas até o final de 2023, sendo que duas delas, na Alemanha e na Ásia, devem começar a produzir já este ano.
A informação é do novo presidente da associação que representa as montadoras do país (Anfavea), Márcio de Lima Leite, que vê um alívio na falta desses componentes para o setor, que tem causado paralisações na produção.
Ele afirmou que pelos estudos que estão sendo conduzidos pelo governo, iniciativa privada, universidades e associações, entre elas a própria Anfavea, o Brasil poderá investir cerca de US$ 2 bilhões (pouco mais de R$ 10 bilhões) também para ter novas plantas de produção local de semicondutores, voltadas para a indústria automotiva.
"O Brasil tem fábricas de semicondutores, mas não para o setor automotivo. Nos estudos que estão sendo conduzidos, o investimento que está em discussão fica em torno de US$ 2 bilhões. É um montante expressivo, mesmo quando comparado com outras fábricas no mundo", disse Leite, durante apresentação dos números do setor.
Segundo ele, as 29 fábricas estão mais espalhadas pelo mundo, reduzindo a dependência das montadoras dos semicondutores produzidos na Ásia. Segundo ele, com as novas unidades, o perfil dessa indústria deverá mudar.
"A falta desses semicondutores fez com que cada país repensasse a produção local. As novas fábricas não estão concentradas numa só região - disse Leite, observando que a indústria automobilística ainda está estimando qual é a demanda do mercado quando a situação estiver normalizada.
Diante desse cenário mais positivo para semicondutores, a Anfavea mantém a estimativa de crescimento da produção este ano, de 9,4% em relação ao ano passado, totalizando 2,4 milhões de unidades.
No ano passado, pelo menos 14 fábricas das 59 existentes no país tiveram paralisações por conta da falta de semicondutores. Este ano, algumas montadoras, como a Volkswagen, anunciaram férias coletivas pelo mesmo motivo.
Leite disse que a paralisação dos portos na China ainda não causou efeito negativo no dia a dia da a maioria das montadoras.
Em abril, a produção de veículos chegou a 185,4 mil unidades, um crescimento de apenas 0,4% em relação a março. Na comparação com abril de 2021, a produção continua inferior este ano. No mesmo mês do ano passado, foram produzidos 190,9 mil veículos, o que representa uma queda de 2,9% para a produção atual.
As vendas na comparação entre abril de 2021 e abril deste ano estão 15,9% menores. No ano passado, foram vendidas 175,1 mil unidades frente aos 147,2 mil de abril passado.
Ele afirmou que a perda do poder de compra dos brasileiros, por causa do encolhimento da renda e dos aumentos de preços, é um dos grandes desafios do setor.
"Temos envelhecimento da frota, redução dos veículos de entrada (carros populares) e busca por mais SUVs. Mas por causa da capacidade de produção menor, esse impacto não é tão evidente agora. E tem também a taxa de juros, que chega a 30% ao ano", afirmou.
Sobre a paralisação da fábrica de Jacareí da Caoa Chery, que informou que vai adaptar a planta para produzir veículos eletrificados, Leite afirmou que esta é uma tendência global e que cada montadora tem sua própria estratégia.
"Há objetivos até 2030 e até 2050 para eletrificação das frotas. Será um crescimento gradual", afirmou.