Coronavírus

OMS considera insustentável política chinesa de "covid zero"

No final da semana passada, a China voltou a anunciar que mantinha sua estratégia de covid zero, apesar da crescente insatisfação da população em Xangai

Testagem de Covid-19 na China - Liu Jin/AFP

A política de "covid zero" impulsionada pelo governo da China para conter a pandemia é "insustentável" - afirmou o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, nesta terça-feira (10), garantindo que já falou sobre o assunto com especialistas chineses.

"Quando falamos da estratégia de 'covid zero', acreditamos que é insustentável, considerando-se a evolução atual do vírus e nossas previsões", disse Tedros em coletiva de imprensa em Genebra.

"Como disse o doutor Tedros, tem que ter capacidade de se adaptar às circunstâncias, ao que vemos nos dados (...) e ele falou em detalhe com os colegas chineses", disse o diretor de Situações de Emergência, Michael Ryan, recordando que, durante algum tempo, essa estratégia permitiu à China apresentar um resultado de poucas mortes em relação à sua população. 

"É algo que a China quer proteger", reconheceu o dr. Ryan. 

Diante do aumento do número de mortes em fevereiro e em março deste ano, é esperado que o governo reaja, destacou Michael Ryan. 

"Mas todas as suas ações, como repetimos desde o início, devem ser tomadas com respeito às pessoas e aos direitos humanos", acrescentou. 

No final da semana passada, a China voltou a anunciar que mantinha sua estratégia de covid zero, apesar da crescente insatisfação da população em Xangai, onde moradores confinados protestam batendo panelas nas janelas. 

O gigante asiático enfrenta sua pior onda epidêmica desde a primavera de 2020 e segue aplicando a mesma política de quando o vírus sofreu mutação e se tornou muito mais contagioso do que a cepa original detectada na China em 2019.

Maria Van Kerkhove, que supervisiona a luta contra a covid na OMS, insistiu que atualmente é impossível deter completamente a transmissão do vírus. 

"Nosso objetivo a nível mundial não é detectar todos os casos nem impedir completamente a transmissão. Isso não é possível atualmente", reconheceu.

"O que temos que fazer é reduzir a taxa de transmissão porque o vírus está circulando em um nível de intensidade muito alto", concluiu a funcionária.