Celebridades

Arthur Aguiar e cia: especialistas explicam como artistas dão a volta por cima após cancelamento

A cartilha do descancelamento de nomes inclui desculpas, isolamento, coerência, reposicionamento e novos trabalhos

Arthur Aguiar, cantor e ator, ex-participante do BBB22 - Reprodução/Instagram

Cancelado. Foi assim que entrou no “BBB 22Arthur Aguiar, que foi acusado pela mulher, a influencer Maíra Cardi, de 16 traições conjugais. O ator e cantor achava que sairia no primeiro paredão, mas ganhou a simpatia e o perdão do público, sagrou-se campeão e levou R$ 1,5 milhão. Para seu empresário, Pedro Mota, foi o final de uma “reestruturação mental e profissional” que começou há um ano e lhe trouxe outro prêmio: o descancelamento.

O ex-Rebelde vai priorizar a carreira musical em sua disputada agenda, que terá espaço também para palestras-show como a que fará em Nova York mês que vem: “De cancelado a queridinho do Brasil.”

"Após ser massacrado, Arthur mostrou que evoluiu. O país agora sabe quem ele realmente é", diz Mota.

Outros cancelados, como Karol Conká, Biel, Aziz Ansari e Louie CK, também voltaram às graças do público. Se varia o motivo da queda, a volta por cima traz semelhanças. A seguir, um resumo da cartilha do descancelamento, que inclui desculpas, isolamento, coerência, reposicionamento e novos trabalhos, porque a vida e a carreira continuam.

1. Admitir o erro rapidamente

A gestora de reputação Patrícia Marins, sócia da Oficina Consultoria, diz que a pior coisa durante uma crise é “negar a realidade”:

"Tem cliente que chega dizendo 'ninguém vai ver isso, meu público não está no Twitter, está no Instagram'. Aí no dia seguinte a coisa passou do Insta, está nos sites de notícias, na TV. É preciso ser ágil e assertivo. Crise exige gestão, gestão de especialista".

2. Desculpas sinceras

Experts são unânimes: evasivas protocolares podem aumentar o dano. Exemplo: após dar um tapa em Chris Rock no Oscar, Will Smith discursou sem citar o humorista ou condenar a violência. Foi preciso um texto mais direto nas redes — e, mesmo assim, foi punido pela Academia.

3. Sair dos holofotes

Isolamento pós-crise é altamente recomendado. Pode incluir clínica de rehab, temporada no exterior (acusado de assédio, o cantor Biel mudou-se para os EUA) ou um período sabático genérico.

O recuo também pode ser rumo à própria bolha, diz Ana Paula Passarelli, fundadora da Brunch, agência que reúne 50 influenciadores:

"Há um pacto entre o influencer e seus fãs. Ele entrega conhecimento, entretenimento, privacidade, até mensagens de carinho, e em troca recebe engajamento. Tem cancelado que, na sua bolha, nunca perdeu apoio. Gabriela Pugliese apanhou por fazer festa no auge da pandemia, mas segue atuante".

4. "Rebranding"

Item opcional, porém eficiente. Em bom português (ou marketês), trata-se de reposicionar uma marca no mercado — vale tanto para CNPJs quanto para CPFs, ressalta Marins.

Passarelli cita o caso de Arthur: após ter sua imagem associada à infidelidade conjugal “em um país que pode ser bem conservador”, buscou mostrar seu lado família. Em abril de 2021, muito antes do “BBB”, Arthur e Maíra anunciavam sua reconciliação. Posaram para fotos com a filha Sophia, hoje com 3 anos, em uma mansão de um condomínio fechado em Valinhos, no interior paulista, apresentada como “refúgio” de Maíra após as traições se tornarem públicas. Era o início da “reestruturação” citada pelo empresário do músico.

"A postura do Arthur no “BBB” era do pecador ajoelhado no milho, “peço redenção pelos erros que cometi”, diz Passarelli, que cita ainda convenções sociais. "A gente vê o erro do homem e diz que 'ele é só um menino', mesmo que tenha 30 anos. Para uma mulher, reverter 16 traições seria mais difícil. E, numa sociedade ainda machista, racista, homofóbica, quem é minoria pena mais para ser descancelado".

5. Seguir em frente

Superada a crise, o passo seguinte é voltar a fazer o que tornou o artista famoso. Alguns nomes de cinema e TV que sofreram processos de cancelamento aproveitaram a pausa pandêmica para criar projetos pessoais e voltar reconquistando fãs.

Os rappers Karol Conká (ver quadro ao lado) e Projota, que saíram do “BBB 21” com altas taxas de rejeição, deixaram a poeira assentar e lançaram discos elogiados. Arthur Aguiar, que tem shows marcados até dezembro, gravou em abril um vídeo em que apresenta seis músicas. Por falar em “Big Brother”, Ana Paula Passarelli diz que, para muitas celebridades, o reality é o passo final da estratégia de descancelamento:

"É o maior produto de entretenimento do Brasil. Uma janela e tanto para vender uma nova imagem".

6. Não pisar na bola

Patrícia Marins ressalta: "É necessário ser transparente, fazer autoanálise e saber que vai ser vigiado. Depois que a pessoa erra, ficam todos de olho em um próximo erro. Volte todos os passos se você pisar na mesma bola outra vez".