Música

Os Gilsons: "Que possamos dançar, cantar, sem medo de ser, sem medo de amar"

Trio formado por filho e netos de Gilberto Gil, apresenta nesta quinta (12) show do disco "Pra Gente Acordar", no Teatro Guararapes

Os Gilsons - Santiago Lampreia / Divulgação

Por definição, um é filho e os outros dois, netos do mestre Gilberto Gil. Mas para além do fato (notório) José, João e Francisco são os Gilsons – e por mais que o nome do trio formado em 2018 remeta à família (Gil) e aos “sons” que afloram hereditários no sangue de cada um deles, o que conta no álbum inaugural “Pra Gente Acordar é a personalidade e assinatura artística das faixas que compõem o trabalho, que será apresentado pela primeira vez em Pernambuco nesta quinta-feira (12), às 22h, no Teatro Guararapes

“As coisas com a gente aconteceram muito rápido. Começamos despretensiosos e de repente a coisa foi ganhando tamanho com retorno do público. E o segredo foi mesmo essa despretensão, que evidenciou o quão genuíno é o som que fazemos”, contou Francisco Gil, em conversa com a Folha de Pernambuco.



O filho da cantora Preta Gil também falou sobre o Recife e a cena musical das bandas de cá, sobre planos de carreira, arte e política, o show desta noite em Olinda – que tem ingressos disponíveis no site Ticket360 com valores a partir de R$ 70 -  e, claro, sobre “Seu Gilberto”, o pai/avô do trio que é dono das próprias sonoridades sem no entanto abrir mão das falas do patriarca baiano.
 

Crédito: Lucas Nogueira

Entrevista

O regalo de ter o sangue Gil x ser “apenas” os Gilsons
Pra gente isso é algo muito natural, pela vivência e experiências que a gente teve na vida, soubemos tirar isso como algo positivo sempre.

Se fazemos música que se afirma em cima de nossa individualidade e personalidade musical, qualquer motivo que façam portas se abrirem pra gente, é motivo de satisfação e a gente abraça essa responsabilidade com alegria. Escutem pelo motivo que for, mas escutem, que vamos mostrar que o nosso som é nosso.

Despretensão como segredo
As coisas com a gente aconteceram muito rápido, naturais... começamos de uma forma 100% despretensiosa e de repente a coisa foi ganhando tamanho justamente pelo retorno do público, e isso fez ter mais força de vontade. O segredo? Talvez tenha sido a forma despretensiosa, isso evidenciou o quão genuíno é a nossa personalidade artística, no palco, no som...

O Recife de Martins, Almério, Nação Zumbi...
Conhecemos o Recife, tem muitos músicos e amigos da cidade. Tem uma força muito grande pra gente o pessoal da Nação (Zumbi), em nossa formação. A Academia (da Berlinda) que é uma turma forte também, com influência na música. Nossa geração tá vindo com uma força grande, uma turma nova que tem Martins, Almério... é um momento bacana da cena musical pernambucana, de Recife, e a gente tá de olho.

Arte e política
A arte e a política são coisas que têm muita coisa interligada né? É algo natural e indispensável quando a gente sobe num palco e existe esse espaço para a comunicação, para passar o que a gente sente.

No momento em que estamos vivendo e em um ano tão importante, é quase que natural (puxar um coro político). E isso já ocorre naturalmente, vem do público a puxada e nós vamos juntos. Ganha cada vez mais força nos shows e a gente põe essa pilha mesmo, tem que meter a cara. 

 
 
 
 
 
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Os Gilsons: um canta, o outro produz e o terceiro harmoniza
O projeto nasceu muito com o intuito de dar possibilidade de levar nossas canções, cantar, ter sempre a voz e canção dos três. É natural que com o tempo e pelas particularidades, cada um assuma um papel.

O José por exemplo assina nossa produção musical, por ter esse gosto de editar e a gente vai tocando tudo junto mas ele acaba puxando. Eu fico com a parte mais do audiovisual e mais espaço no lance do canto, mas é algo que está sempre ali girando com a participação dos três. João tem uma veia harmônica grande e ele traz isso pro projeto de uma forma muito forte. É bem dividido.

“Seu Gilberto”
Seu Gilberto sempre incentivou muito que a gente faça o nosso, e eu aprendi lá quando minha mãe começou a carreira e pediu uma música dele pra ela e ele disse: “vai encontrar sua turma”.

Ela fez justamente isso e encontrou a turma dela, depois até ele fez canções pra ela... e a gente aprendia isso desde sempre, a gente faz o nosso e depois pergunta o que ele achou, e ele sempre põe pilha, a opinião dele é muito importante. Ele gosta das coisas modernas, das sonoridades

Referências
Inspirações são muitas. Somos um trio formado muito pela conexão que a gente tem, pela intercessão musical que a gente tem e com muita força da ‘afrobahia’, dos carnavais, da música negra, do Carnaval de Salvador onde todo mundo se encontrava. De Olodum a (Carlinhos) Brown, da Timbalada a Harmonia do Samba, assim como dos atuais Duda Beat, Baiana System, Luedji Luna... tem muitas referências.

Repertório do show 
É um show do disco, e carrega todas as canções do nosso repertório, tudo que a gente tem lançado. E tem surpresas sim, tem coisas que a gente traz pro show, que não são nossas - entrego aqui o samba carioca de Dona Ivone Lara, Jorge Aragão e Novos Baianos com uma regravação que fizemos do ‘Swing do Campo Grande’ e outras coisas que quem nos conhece acompanha: “Love Love”, “Algum Ritmo”, “Proposta”, “Várias Queixas”...

Futuro
Muita coisa de shows, e tá sendo um sonho, uma delícia. Em julho vamos fazer turnê com a família. Estamos começando agora a pensar nos planos, e a maior surpresa que já já tá vindo é mais um grande lançamento do disco, ainda sobre ‘Pra Gente Acordar’. Tá vindo aí mais uma bomba.

 “E há de nascer//Um novo amanhã//Pra gente acordar?”
Essa canção pintou antes da pandemia, já tinha uma ligação forte com todo esse momento em que o ódio se coloca na política, opressão, conservadorismo, colocando na frente essa coisa da economia, mas somos da pauta social, de gente, da liberdade de expressão, da liberdade de ser.

A música veio antes da Covid-19 e se estendeu, porque nasceu ligada a essa energia, tem esse olhar esperançoso, utópico quase, mas é real porque é um olhar que a gente acredita. Essa pandemia que vai se esvaindo, uma eleição que vem chegando, é momento de ter fé e em um novo amanhã para que possamos dançar, cantar, sem medo de ser, sem medo de amar.

SERVIÇO
Os Gilsons, nesta quinta-feira (12), 22h, no Teatro Guararapes (Centro de Convenções de Pernambuco)
Ingressos a partir de R$ 90 no site Ticket360

Av. Professor Andrade Bezerra, s/n, Salgadinho, Olinda
Informações: 3182.8000