Tratado do Atlântico Norte

Suécia segue passos da Finlândia e confirma candidatura à Otan

Outros países nórdicos, que já são membros da Aliança Transatlântica, prometeram nesta segunda-feira ajudar Suécia e Finlândia

A primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, dá uma entrevista coletiva em Estocolmo, Suécia, em 16 de maio de 2022 - Henrik Montgomery / TT News Agency / AFP

A Suécia confirmou, nesta segunda-feira (16), que vai se candidatar à adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), seguindo os passos da Finlândia e concretizando a mudança histórica destes dois países não alinhados em direção à Aliança Atlântica após a invasão russa da Ucrânia. 

Após quase dois séculos de não alinhamento militar, "concluímos uma era para entrar em outra", declarou a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, em entrevista coletiva. 

A Suécia espera entrar na Aliança dentro de um ano, no máximo, segundo a chefe do Executivo, em um momento em que a Otan tenta aplacar algumas reservas de última hora expressas pela Turquia.

Os novos membros precisam de unanimidade e ratificação nos Parlamentos dos países que já formam a aliança militar. 

Nesta segunda-feira, porém, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a entrada na Otan da Suécia e da Finlândia não representa "uma ameaça direta", mas alertou que Moscou vai reagir à implantação de "infraestrutura militar" nesses países nórdicos.

A primeira-ministra sueca manteve reuniões com os líderes dos partidos no Parlamento, para garantir uma ampla maioria. 

Após a decisão histórica tomada no domingo (15) pelo Partido Social-Democrata no poder, seis dos oito partidos representados na Câmara se declararam a favor da adesão à Otan. Isso representa uma maioria teórica de 304 deputados suecos que apoiam a decisão, de um total de 349, ou seja, mais de 85%. 

A decisão da Suécia é claramente influenciada pela candidatura finlandesa, reconheceu Andersson perante o Parlamento.

Desde a invasão russa da Ucrânia, a Finlândia tomou a iniciativa, e a Suécia ficou para trás.

Se a Suécia for o único país não pertencente à Otan no Mar Báltico, com exceção da Rússia, estará "em uma posição muito vulnerável", comentou Andersson.

Apenas os membros têm a proteção da Otan, e não os países candidatos, o que levou ambos a solicitarem garantias de segurança de vários países da Aliança. 

Outros países nórdicos, como Noruega, Dinamarca e Islândia, que já são membros da Aliança Transatlântica, prometeram nesta segunda-feira ajudar Suécia e Finlândia.

"Grave erro"

As candidaturas da Suécia e da Finlândia para ingressar na Otan em resposta à ofensiva russa contra a Ucrânia são um "erro grave", cujas consequências serão "de longo alcance", comentou o vice-chanceler russo, Serguei Riabkov.

Em um contexto em que o Kremlin justifica sua invasão da Ucrânia pelo risco de expansão da Otan para suas fronteiras, a adesão da Finlândia alargaria os limites da aliança militar com o território russo em cerca de 1.300 quilômetros. 

"Não estamos convencidos de que a adesão da Finlândia e da Suécia à Otan fortalecerá, ou melhorará, a arquitetura de segurança no nosso continente", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a repórteres.

Em Helsinque, o Parlamento finlandês iniciou uma maratona de sessões - 150 dos 200 parlamentares pediram para falar -, após a proposta de adesão apresentada no domingo pelo presidente Sauli Niinisto e pela primeira-ministra Sanna Marin. 

"A segurança ao nosso redor mudou fundamentalmente", justificou Marin, perante o Parlamento. 

"O único país que ameaça a segurança europeia, e agora está travando uma guerra de agressão, é a Rússia", assegurou.

Dado o elevado número de parlamentares que solicitaram tempo de fala, a votação não deve ocorrer nesta segunda-feira, alertou o presidente da Câmara, Matti Vanhanen.

A Otan afirma que os dois países serão recebidos de "braços abertos", mas o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, obscureceu as perspectivas de alcançar uma rápida unanimidade ao expressar reservas.

A Turquia censura a Suécia, sobretudo, pela tolerância excessiva em relação ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), apesar de figurar na lista de organizações terroristas da União Europeia. 

Uma delegação sueca será mobilizada para "ver como a questão pode ser resolvida", anunciou o ministro sueco da Defesa, Peter Hultqvist.