Tratado do Atlântico Norte

Suécia e Finlândia entregam amanhã candidatura à Otan

Suécia e Finlândia consideram necessário colocar-se sob o guarda-chuva da Otan, diante de uma Rússia capaz de invadir militarmente um de seus vizinhos

A primeira-ministra finlandesa Sanna Marin (R) preside a reunião do governo finlandês com o presidente da Finlândia Sauli Niinisto se juntando via vídeo em Helsinque em 17 de maio de 2022, antes de assinar uma petição formal para ingressar na OTAN - Antti Aimo-Koivisto / Lehtikuva / AFP

Finlândia e Suécia apresentarão conjuntamente suas candidaturas à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), na quarta-feira (18) - anunciaram os dois países nórdicos nesta terça, apesar da ameaça de um bloqueio por parte da Turquia.

Com a aprovação, por uma esmagadora maioria de mais de 95%, do Parlamento finlandês, está tudo pronto para a entrega simultânea dos pedidos de adesão de ambos os países na sede da Aliança Atlântica, em Bruxelas. 

Isso acontecerá na quarta-feira, anunciou a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, ao lado do presidente finlandês, Sauli Niinistö, em uma visita de Estado a Estocolmo.

"Estou feliz que tenhamos tomado o mesmo caminho e que possamos fazer isso juntos", disse ela. 

A dupla nórdica viajará para Washington na quinta-feira (19), para se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou a Casa Branca.

Enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, pareceu se calar na segunda-feira sobre possíveis retaliações à adesão sueco-finlandesa, o principal obstáculo agora parece vir de dentro da Aliança.

A Turquia, cuja ratificação é imperativa, como a dos outros 30 membros da Otan, reafirmou ontem sua hostilidade à entrada de Suécia e Finlândia, apesar das discussões diplomáticas durante o fim de semana.

Ancara "não vai ceder", declarou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusando a Suécia de ser "o berçário de organizações terroristas" e de ter adotado sanções contra seu país.

Analistas acreditam que a Turquia busque vantagens em troca de sua autorização, como, por exemplo, o levantamento da recusa dos Estados Unidos em vender-lhes caças F-35.

Ancara critica Suécia e Finlândia por não aprovarem seus pedidos de extradição de pessoas que acusa de serem membros de "organizações terroristas", como o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) curdo, ou por terem congelado as exportações de armas para a Turquia.

"Otimista"

Apesar destas disputas, o presidente finlandês disse estar "otimista" em obter o apoio da Turquia, por meio de "discussões construtivas".

"A Suécia deseja trabalhar com a Turquia na Otan, e esta cooperação pode ser um elemento da nossa relação bilateral", declarou Andersson, assegurando que Estocolmo "está empenhada na luta contra todas as formas de terrorismo".

Consequência direta da invasão da Ucrânia pela Rússia, as candidaturas de Finlândia e Suécia avançaram nesta terça-feira. No final de uma sessão parlamentar de dois dias, o projeto de adesão foi aprovado pelo Parlamento finlandês por 188 votos a favor, oito contra e nenhuma abstenção.

"É um resultado excepcional, não esperava que fosse tão claro. A votação é clara, chega de discussão", comemorou o chanceler finlandês, Pekka Haavisto, antes de assinar o formulário de candidatura de seu país.

A ministra das Relações Exteriores da Suécia, Ann Linde, assinou o formulário de inscrição da Suécia esta manhã, durante uma cerimônia.

Após uma guinada a favor da adesão, Suécia e Finlândia consideram necessário colocar-se sob o guarda-chuva da Otan, diante de uma Rússia capaz de invadir militarmente um de seus vizinhos.

Com isso, os dois países virariam a página de décadas de neutralidade e de não alinhamento militar, em busca de garantias de segurança de seus vizinhos nórdicos e das principais potências da Otan nas últimas semanas. Apenas os membros da Aliança se beneficiam do famoso artigo 5º de proteção mútua, não os candidatos. 

Neste sentido, o chanceler alemão, Olaf Scholz, garantiu que seu país "intensificaria" sua cooperação militar com as duas nações nórdicas.

A França garantiu que "ficará ao lado da Finlândia e da Suécia", em caso de agressão.

"Qualquer Estado que pretenda pôr a solidariedade europeia à prova, mediante uma ameaça, ou agressão, à sua soberania por qualquer meio, deve ter a certeza de que a França estará ao lado da Finlândia e da Suécia", escreveu a Presidência francesa em um comunicado à imprensa.

Em geral, a adesão à Otan leva vários meses. A Suécia disse esperar que o processo leve no máximo um ano.