Foto de Amber Heard e Johnny Depp abraçados após incidente do dedo decepado é exibida no tribunal
A advogada Camille Vasquez, da equipe jurídica do astro de 'Piratas do Caribe', questionou a atriz de 'Aquaman' sobre a briga na Austrália em 2015, na qual ela disse ter sido agredida sexualmente
Após prestar depoimento no julgamento em que é acusada de difamação pelo ex-marido Johnny Depp, a atriz Amber Heard foi confrontada pelos advogados do ator de "Piratas do Caribe" nesta terça-feira, no tribunal do condado de Fairfax, na Virgínia, EUA.
Ao júri, foi mostrada uma foto tirada em 2015, na Austrália, algumas semanas após o incidente que terminou com a ponta do dedo médio direito de Depp sendo decepado. Na imagem, o ex-casal aparece abraçado num barco, sorrindo, enquanto olha para a câmera. Além disso, é possível ver que o dedo de Depp ainda estava imobilizado. Na véspera, Heard disse que foi agredida na lua de mel, durante a viagem deles no Expresso do Oriente.
A advogada Camille Vasquez, da equipe jurídica de Depp, questionou Heard sobre aquela briga, na qual a atriz disse ter sido agredida sexualmente. Na resposta, Heard alegou não se lembrar da sequência exata dos fatos.
— Como sempre disse, não me lembro exatamente o que aconteceu primeiro, ou a sequência — afirmou.
Depp testemunhou que nunca bateu em Heard e argumentou que ela era a agressora em seu relacionamento. Ele disse que perdeu a ponta do dedo depois que a ex-mulher jogou uma garrafa de vodka nele. Heard, entretanto, negou ter causado esta lesão, admitindo que apenas o golpeou para se defender ou defender sua irmã quando se sentiu ameaçada.
Nas fotos do local da briga que foram exibidas por Vasquez no tribunal, não aparecem indícios do suposto telefone que teria sido quebrado por Depp. Heard havia dito que o viu jogar um aparelho na parede e que, para ela, este seria seu "melhor palpite" sobre como ele cortou o dedo.
A advogada do ator reiterou que Ben King, o gerente da casa, testemunhou não ter visto nenhum telefone naquele estado. Vasquez prosseguiu com as perguntas, questionando Heard que, na versão dela, Depp teria lançado o telefone na parede, a segurado pelo pescoço e a agredido com uma garrafa quebrada. Novamente, Heard disse que não se recorda da sequência exata dos eventos.
— Eu nunca afirmei lembrar a sequência exata — reforçou, acrescentando que foi "a pior coisa" que já lhe aconteceu.
Ainda em 2015, na viagem às Bahamas, as versões de Heard e Depp a respeito de uma briga se contradizem. Enquanto Heard diz que o ex-marido a agrediu no banheiro e que ela jogou algo nele enquanto tentava fugir, a administradora do imóvel Tara Roberts conta que viu Heard "implorando" para Depp voltar, conforme ele escapava. Para a atriz, o testemunho de Roberts foi "deturpado".
Troca de xingamentos
A equipe de Depp apresentou também um áudio em que a atriz diz várias vezes "chupe meu p..." para o ex-marido que, por sua vez, reage chamando-a de uma "p... de fedelha mimada".
Outro ponto tocado pela advogada de Depp foi uma faca que Heard deu de presente para seu então marido em 2012. O objeto foi levado ao tribunal para ser mostrado ao júri.
— Essa é a faca que você deu ao homem que estava batendo em você? — indagou Vasquez.
Heard respondeu que não esperava que Depp a esfaqueasse.
— Eu não estava preocupada que ele fosse me esfaquear com isso, com certeza — declarou Heard.
'Meu amor, por que brigamos sempre?'
Também foi mostrada ao júri uma carta que Heard escreveu para Depp após o incidente do dedo. Ela descreveu o conteúdo da mensagem como "uma nota de amor". Em outro bilhete, Heard escreveu que o então marido era a "última pessoa que queria machucar" e que "nunca há uma razão boa o suficiente para machucá-lo". Em outros registros, Heard fez pedidos de desculpas a Depp.
"Meu amor, por que brigamos sempre?" Heard escreveu em agosto de 2015 para Depp. "Por quê? Eu te amo mais do que qualquer outra coisa".
Johnny Depp nega as acusações de agressão
Depp, de 58 anos, está processando Heard, 36, em US$ 50 milhões, dizendo que ela o difamou quando alegou ter sido vítima de abuso doméstico num artigo divulgado no "Washington Post" em 2018. O texto não mencionou Depp pelo nome, mas seu advogado disse aos jurados que estava claro que ela estava se referindo a seu cliente. A estrela de "Piratas do Caribe" testemunhou que nunca agrediu Heard e argumentou que ela era a agressora em seu relacionamento. As alegações finais estão marcadas para 27 de maio.
Depp, que já foi uma das maiores estrelas de Hollywood, disse que as alegações de Heard lhe custaram "tudo". Um novo filme de "Piratas" foi suspenso e Depp foi substituído na franquia de filmes "Animais Fantásticos", um spin-off de "Harry Potter".
Os advogados de Heard argumentaram que ela disse a verdade e que sua opinião estava protegida pela liberdade de expressão pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA. Ela entrou com uma ação contra Depp em US$ 100 milhões, argumentando que o ex-marido a difamou chamando-a de mentirosa.
Menos de dois anos atrás, Depp perdeu um caso de difamação contra o jornal britânico "The Sun", que o rotulou de "espancador de esposas". Um juiz da Suprema Corte de Londres decidiu que ele havia agredido Heard repetidamente.
Os advogados de Depp abriram o caso no condado de Fairfax, Virgínia, onde o "Washington Post" é impresso. O jornal não é réu.