Príncipe Charles e sua esposa, Camila, visitam o Canadá
Casal foi convidado pela governo canadense para representar oficialmente a rainha Elizabeth II em visita ao país
O príncipe Charles e sua esposa, Camila, iniciaram nesta terça-feira (17) uma visita ao Canadá, em uma viagem de três dias ao país da América do Norte, ao qual foram convidados pela governadora geral, representante oficial da rainha Elizabeth II no país, a falar com os povos nativos.
O casal real fez sua primeira parada em Saint-Jean de Terre-Neuve (leste), onde foram recebidos pelo primeiro- ministro canadense, Justin Trudeau, e a governadora geral, Mary Simon, descendente de indígenas.
"Convido-os a falar com os nativos para escutar suas histórias, suas conquistas e soluções e a conhecer a verdade sobre a nossa história, a boa e a má", afirmou Simon.
O casal chega ao Canadá quase um ano após a descoberta de túmulos anônimos de crianças em antigos internatos católicos destinados a indígenas, o que provocou um escândalo e revelou a história colonial do país.
Ao chegarem, Charles e Camila cumprimentaram o público que se aproximou da entrada do edifício da Confederação canadense.
"Nossa visita aqui nesta semana chega em um momento importante para as populações nativas de todo o Canadá, que refletem abertamente sobre o passado para construir um novo futuro", afirmou o príncipe.
A cerimônia de boas-vindas incluiu uma oração em inuktitut, a língua tradicional falada em um povoado dos inuítes e uma apresentação musical de uma soprano inuk e uma canção tradicional mi'kmaq.
- O escândalo dos internatos -
O casal planeja viajar à capital Ottawa e na quinta-feira aos Territórios do Noroeste, uma região do norte do Canadá à beira do Ártico, que está aquecendo três vezes mais rápido que o resto do planeta.
"(O príncipe Charles) quer falar do meio ambiente e os nativos querem falar dos internatos religiosos", disse à AFP o historiador e especialista em monarquia britânica, James Jackson.
"As três províncias mais afetadas pelo escândalo destes internatos religiosos foram a de Columbia Britânica, Saskatchewan e Alberta, não incluídas na jornada. Ao visitar os Territórios do Noroeste, ele poderá falar sobre meio ambiente sem entrar muito no escândalo dos internatos", afirmou.
A visita real ocorre em um momento de transição delicado para a monarquia britânica, sacudida por duas recentes viagens reais ao Caribe, nas quais, primeiro o príncipe William e depois o príncipe Edward, foram chamados a desculpar-se pelo passado escravista do Reino Unido.
Elizabeth II, a rainha britânica de 96 anos, também cancelou quase todas suas aparições públicas nos últimos sete meses por problemas de saúde. No entanto, nesta terça-feira a monarca, que completa 70 anos no trono, compareceu de surpresa à inauguração de uma linha de metrô que leva seu nome em Londres.
Apesar do afeto que dois terços dos canadenses expressam pela rainha, 51% desejam o fim da monarquia constitucional para as gerações futuras, segundo uma recente pesquisa do instituto canadense Angus Reid.
Em um momento em que Canadá revê criticamente seu passado colonial, 65% rejeita a ideia de Charles, de 73 anos, como rei e chefe de Estado do Canadá, e 76% se nega a reconhecer Camila, de 74 anos, como sua rainha.