Geada pode ter efeito em inflação, diz presidente do BC
Na avaliação dele, muitos governos estão adotando medidas isoladas nessa área, sem muita coordenação
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que choques climáticos trazem efeitos negativos sobre a produtividade e a atividade econômica e que possíveis geadas à frente podem impactar a inflação no curto prazo. Ele ainda criticou a possível criação de um “imposto de carbono”.
Durante participação no Congresso Mercado Global de Carbono - Descarbonização e Investimentos Verdes, promovido pelo Banco do Brasil e a Petrobras, Campos Neto disse que as discussões sobre meio ambiente e sustentabilidade têm ligação com a política monetária.
— Estava fazendo uma reunião de inflação e estava falando da geada que vem por aí, qual é o impacto que isso pode ter em alimentos e na inflação de curto prazo — disse.
No evento, o presidente do BC criticou um imposto sobre emissões de carbono. Na avaliação dele, muitos governos estão adotando medidas isoladas nessa área, sem muita coordenação.
— Escuto muito falar em um imposto de carbono, em alguns casos parece justificável, mas a gente acredita que o preço de marcado é sempre o melhor alocador de recursos na economia — disse.
Campos Neto destacou que a atual crise pela qual passa o mundo gerou um aprendizado diferente se comparado com a recessão econômica de 2008. Ele afirmou que a sustentabilidade, hoje, é associada à produtividade.
O presidente do BC destacou ainda que a transição para a economia verde não está mais restrita apenas a um tema de energia, como no passado, mas de fluxo de investimentos pelo mundo.
— Estamos vendo um rearranjo das grandes cadeias globais de valor. É uma oportunidade única para o Brasil — disse.