Ibovespa cai diante de preocupação com alta nos preços ao redor do mundo
No cenário internacional, há preocupações com o avanço dos juros nos Estados Unidos
Depois de cinco altas consecutivas, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, abriu a sessão desta quarta-feira em queda de 0,02%, aos 108.765 pontos, e logo depois ampliou as perdas, temendo a disparada da inflação no Brasil e no exterior.
Por volta das 12h30 no horário de Brasília, a Bolsa caía 1,29%, com 107.402 pontos. O dólar, por sua vez, apresentava tendência de alta, subindo 0,61%, cotado a R$ 4,9713.
No cenário internacional, há preocupações com o avanço dos juros nos Estados Unidos. Nessa terça-feira, o presidente do Banco Central Americano, Jerome Powell, disse, em um evento do Wall Street Journal, que está disposto a pagar o preço para conter a inflação, mesmo que isso signifique redução do crescimento econômico e um leve aumento na taxa de desemprego do país.
O recuo das empresas ligadas às commodities metálicas também influencia o mercado brasileiro, com investidores de olho na situação econômica na China. Por lá, o minério com teor de 62% de ferro atingiu seu nível mais baixo em quatro meses, US$ 126,60 por tonelada, após queda de 2,7%.
"Certamente os lockdowns estão impedindo a produção e o fluxo de produtos e serviços, dada a duração dessas medidas. Apesar de algumas dessas pressões estarem diminuindo, as notícias vindas da China aumentam a pressão na cadeia de produção global. Como uma das maiores economias do mundo, seu desempenho econômico tem efeitos em outros países", declarou a secretária do Tesouro Americano, Jannet Yellen.
O estrategista da Senso Corretora, João Augusto Frota, acrescenta que o dia também é marcado por indicadores de inflação na Europa:
—Na Europa, vemos os preços acelerando no maior ritmo dentre décadas. O motivo principal é o reflexo da guerra na Ucrânia, com sanções à Rússia. Aqui no Brasil, depois de cinco pregões consecutivos de alta, a cautela passou a ser o tom.
Eletrobras cai, antes da sessão do TCU que pode confirmar a privatização
Nesta quarta-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) retoma o julgamento que pode definir a privatização da Eletrobras. Com cronograma apertado, governo de Jair Bolsonaro precisa de decisão rápida para concretizar a venda da estatal de energia e cumprir promessa de campanha.
O que pode ser um empecilho é o pedido do ministro Vital do Rêgo, revisor do processo, a colegas para que o procedimento seja pausado até que supostas irregularidades nas demonstrações contábeis da empresa sejam corrigidas.
Por volta das 12h30, as ações ordinárias da estatal (ELET3) apresentavam queda de -1,91%. Os papéis ELET6 tinham depreciação semelhante, na ordem de 1,93%.
Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) caíam 1,22%, e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 0,44%.
As ordinárias da Vale (VALE3) cediam 2,39%, e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 3,85%. As preferenciais da Usiminas (USIM5) depreciavam 3,33%.
No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) caíam de 0,24% e 1,35%, respectivamente.
Destaque positivo para as ações ordinárias da Locaweb (LWSA3), que subiam 5,10%; da Hapvida (HAPV3), com alta de 7,52%; e da Ecorodovias (ECOR3), que valorizava em 3,24%.
Petróleo em queda
Depois de terem aberto as negociações do dia em alta, os barris de petróleo operam em queda. O tipo Brent caiu 1,3%, para US$ 110,56 por barril.
O petróleo dos EUA (WTI) teve queda da mesma proporção, sendo vendido a US$ 111,09 por barril.
A desvalorização aconteceu após a notícia de que os estoques de petróleo bruto dos Estados Unidos caíram com a retomada da atividade de refino antes da temporada de verão, mesmo com o país continuando a liberar barris de sua reserva estratégica.
As refinarias têm lutado para aumentar os estoques de produtos nos Estados Unidos, já que as sanções à Rússia reduziram os estoques em todo o mundo e levaram os compradores globais a uma corrida por diesel, gasolina e outros produtos.