Cinema

Festival de Cannes começa com tom político e espetáculo de 'Top Gun'

Diretor do filme Tchaikovsky's Wife critica ação do governo russo na guerra

Diretor russo, Kirill Serebrennikov, e o elenco do filme "Tchaikovsky's Wife" na abertura do festival - Patricia de Melo Moreira / AFP

O cineasta russo Kirill Serebrennikov declarou "não à guerra" nesta quarta-feira (18) na exibição de seu filme "Tchaikovsky's Wife", dando um tom político ao Festival de Cannes. Já Tom Cruise e seu novo "Top Gun" transformaram o evento em espetáculo.

Os aviões da Patrulha Acrobática da França pintaram o céu com as cores da bandeira francesa, enquanto a estrela de Hollywood e o elenco de "Top Gun: Maverick" marcavam presença na famosa escadaria do Palácio dos Festivais.

Horas antes, o russo Serebrennikov, filho de uma ucraniana, criticou a ação de seu governo. A arte "é estritamente contra a guerra", acrescentou o cineasta, conhecido por defender a comunidade LGBTQ+.

Seu filme, sobre a tumultuada relação entre o famoso compositor e sua esposa Antonina Miliukova, é um dos 21 longas em disputa neste ano.

Sua presença era muito esperada, já que em outras edições, nas quais disputou com "Petrov's Flu" (2021) e "Leto" (2018), não pôde comparecer porque cumpria pena por desvio de fundos, em um caso denunciado por seus defensores como uma manobra política. 

Ainda sobre posicionamento, os organizadores do concurso anunciaram que não receberiam "representantes oficiais russos, instâncias governamentais ou jornalistas da linha oficial".

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, participou por videoconferência da cerimônia de abertura na terça-feira.

"Precisamos de um novo (Charlie) Chaplin que demonstre que o cinema não está mudo", disse Zelensky a um auditório de estrelas.

"Tela grande"
O festival incluiu em sua programação vários diretores ucranianos, como o veterano Serguei Loznitsa e o diretor Maksim Nakonechnyi. Também apresenta o filme "Mariupolis 2", do lituano Mantas Kvedaravicius, morto em abril nesta cidade ucraniana.

O presidente do júri, o ator francês Vincent Lindon, declarou na terça-feira que espera que o clima "seja digno, respeitoso (...) e que seja uma homenagem aos que vivem dias muito mais difíceis que os nossos".

Outro filme com apresentação nesta quarta-feira é "The eight mountain", dos belgas Felix Van Groeningen e Charlotte Vandermeersch, sobre a amizade de dois garotos, nos Alpes italianos.

Sem dúvida, o momento mais glamouroso do dia foi a chegada de Tom Cruise, que divulga seu "Top Gun: Maverick"

O astro de Hollywood, de 59 anos, chegou de helicóptero, e logo participou de uma conversa com o público, para quem defendeu o cinema na tela grande.

"Faço filmes para a tela grande. Meus filmes não serão exibidos diretamente nas plataformas. Ir ao cinema é compartilhar uma experiência, seja qual for a cultura ou idioma", explicou.

Em seguida, Cruise pousou no tapete vermelho com atores de "Top Gun: Maverick", entre eles, Jennifer Connelly e Jon Hamm. Pouco antes da exibição da sequência da famosa história de aviadores dos anos 1980, o ator recebeu a Palma de Ouro Honorária.

Cruise esteve em Cannes pela última vez em 1992 com "Um sonho distante", ao lado de sua esposa à época, Nicole Kidman. Agora, ele retorna na pele do veterano aviador, encarregado de treinar uma equipe para uma missão perigosa.

Ao contrário de outros grandes nomes de Hollywood, como Kevin Costner, Mel Gibson e Bruce Willis, o ator conseguir se manter em alta na maior parte de seus 40 anos de carreira, inclusive nos tempos atuais, quando os super heróis dominam o setor.

Várias estrelas devem assistir às estreias mais aguardadas do Festival. Eva Longoria, Elle Fanning e Viola Davis são algumas das atrizes hollywoodianas que passaram pelo tapete vermelho, que também recebeu a modelo brasileira Adriana Lima, que está grávida.