Internacional

Biden viaja à Ásia à sombra de possíveis testes nucleares norte-coreanos

Visita à Coreia do Sul e ao Japão tem o objetivo de afirmar a liderança dos Estados Unidos na Ásia

Biden partiu para a Coreia do Sul e o Japão nesta quinta-feira (19) para afirmar a liderança dos Estados Unidos na Ásia - SAUL LOEB / AFP

O presidente Joe Biden partiu para a Coreia do Sul e o Japão nesta quinta-feira (19) para afirmar a liderança dos Estados Unidos na Ásia, onde o crescente poder comercial e militar da China está minando o domínio de Washington. 

Sem descuidar das demandas da Europa, Biden se reuniu pouco antes de sua partida com os líderes da Finlândia e da Suécia para apoiar seus pedidos de adesão à Otan, uma mudança histórica no distanciamento dos países nórdicos da organização de defesa, motivada pela invasão russa da Ucrânia no final de fevereiro.

A primeira visita de Biden à Ásia como presidente é ainda ofuscada por temores de que o governo imprevisível da Coreia do Norte escolha este momento para chamar a atenção com testes de mísseis com capacidade nuclear.

Apesar do forte surto de Covid-19 na Coreia do Norte, "os preparativos para um teste nuclear de Pyongyang foram concluídos e só se busca o momento certo", disse o parlamentar sul-coreano Ha Tae-keung após ser informado pela agência. 

A inteligência dos EUA também afirma que há uma "possibilidade genuína" de que o líder norte-coreano Kim Jong Un possa encenar essa "provocação" após a chegada de Biden a Seul na noite de sexta-feira, disse um alto funcionário dos EUA.

O presidente democrata irá à Coreia do Sul e depois ao Japão, no domingo, para realizar cúpulas com os líderes dos dois países, além de se unir a uma cúpula regional do grupo Quad - Austrália, Índia, Japão e EUA - em Tóquio.

Durante a primeira etapa, visitará as tropas americanas e sul-coreanas, mas não realizará a tradicional viagem presidencial à fronteira fortificada conhecida como DMZ entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, informou a Casa Branca.

Horas antes da chegada de Biden, o recém-eleito presidente sul-coreano, muito pró-americano, Yoon Suk-yeol, tuitou: "Uma montanha mostra seu caminho para o cume para aqueles que o buscam. Estou confiante de que a aliança entre a República da Coreia e os Estados Unidos buscando defender os valores da democracia e dos direitos humanos só crescerão no futuro."

Lições de Taiwan?
O assessor de Segurança Nacional, Jake Sullivan observou que Biden segue para a Ásia com "os ventos a seu favor" após o sucesso da liderança dos Estados Unidos na resposta ocidental à ofensiva russa na Ucrânia.

O alto custo militar, diplomático e econômico que a Rússia enfrenta é visto em Washington como uma lição para a China, que tem em mente o controle de Taiwan, atualmente uma democracia.

No início deste mês, o diretor da CIA, William Burns, disse que Pequim estava observando "cuidadosamente". 

"Acho que eles ficaram impressionados com a maneira como, em particular, a aliança transatlântica se uniu para impor custos econômicos à Rússia como resultado dessa agressão", disse ele.

De acordo com Sullivan, Washington não busca confrontar a China na viagem, mas sim utilizar a diplomacia para mostrar que o Ocidente e seus parceiros asiáticos não serão divididos nem enfraquecidos.

Sullivan destacou a cooperação da Coreia do Sul e do Japão, entre outros, no regime de sanções contra a Rússia liderado pelas potências europeias e os Estados Unidos. Também citou o papel do Reino Unido na recém-criada aliança de segurança Aukus.

Essa “poderosa mensagem”, que ele descartou ser “negativa”, será “ouvida em Pequim”. 

O coringa norte-coreano
Mas a Coreia do Norte será um dos pontos discutidos por Biden. Segundo Sullivan, o país, que desafiou as sanções da ONU ao realizar uma série de testes de mísseis com capacidade nuclear este ano, pode usar a visita de Biden para fazer "provocações".

Isso significa "novos testes de mísseis, testes de míssil de longo alcance ou um ensaio nuclear, ou francamente ambos, nos dias anteriores, durante ou depois da viagem do presidente à região", afirmou ele.

Diante disso, Washington está preparado para "fazer ajustes de curto ou longo prazo em nossa postura militar, conforme necessário", disse Sullivan.

Ele especificou que havia coordenado uma potencial resposta junto à Coreia do Sul e o Japão e que também havia falado sobre o tema na quarta-feira passada com a China.