Crise Internacional

EUA e Rússia se culpam por agravamento da insegurança alimentar

Governo norte-americano pede que Rússia libere exportações de cereais ucranianos

Joe Biden e Vladimir Putin - Jim Watson, Grigory Dukor / AFP

Os Estados Unidos e a Rússia se culparam mutuamente nesta quinta-feira (19), no Conselho de Segurança da ONU, pelo agravamento da insegurança alimentar no mundo, e Washington pediu a Moscou que permita as exportações de grãos ucranianos bloqueados nos portos do Mar Negro. 

"Parem de bloquear os portos do Mar Negro! Autorizem a livre circulação dos navios, trens e caminhões que transportam alimentos para fora da Ucrânia", pediu o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, em reunião do Conselho de Segurança convocada pelos Estados Unidos.

"Parem de ameaçar suspender as exportações de alimentos e fertilizantes para países que criticam a sua guerra de agressão", acrescentou. Segundo Blinken, "o Exército russo literalmente sequestrou o suprimento de alimentos de milhões de ucranianos e milhões de pessoas no mundo".

O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, refutou categoricamente as acusações ocidentais, que consistem em "culpar a Rússia por todos os problemas do mundo", segundo ele. A crise alimentar mundial existe há tempos e suas causas profundas obedecem a uma "espiral inflacionária" alimentada pelo aumento dos custos dos seguros, fluxos logísticos difíceis e "especulações nos mercados ocidentais", disse o diplomata russo.

Os portos ucranianos estão bloqueados pela Ucrânia, pelas minas espalhadas pelo país ao longo da costa do Mar Negro e pela falta de vontade de cooperação de Kiev com os armadores para liberar dezenas de navios estrangeiros, acrescentou Nebenzia. O diplomata russo voltou a denunciar a imposição de sanções ocidentais contra o seu país, assegurando que suas consequências agravam a insegurança alimentar. 

"As sanções não bloqueiam os portos do Mar Negro, não imobilizam os navios cheios de alimentos nem destroem as estradas e ferrovias ucranianas", afirmou Blinken. "As sanções não impedem a Rússia de exportar alimentos ou fertilizantes, uma vez que excluem deliberadamente os alimentos, fertilizantes e sementes procedentes da Rússia", ressaltou o secretário de Estado, para quem "a decisão de converter os alimentos em arma é apenas de Moscou".

Na véspera, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, havia pedido à Rússia para liberar as exportações de grãos ucranianos, e ao Ocidente, que permitisse a entrada de fertilizantes russos nos mercados internacionais.