Conflito

Fazer negócios com a Rússia será impossível após a invasão da Ucrânia, afirma presidente polonês

Declaração de Andrzej Duda foi dada ao Parlamento ucraniano, em Kiev

Andrzej Duda, presidente da Polônia, junto ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em discurso ao Parlamento ucraniano, em Kiev - Sergei Supinsky/AFP

O presidente polonês, Andrzej Duda, afirmou no domingo (22) que a partir de agora será impossível "fazer negócios como de costume" com a Rússia, após a descoberta dos massacres de civis cometidos na Ucrânia e atribuídos às tropas russas.

"Depois de Bucha, Borodianka, Mariupol, já não pode haver mais 'business as usual' [negócios como de costume] com a Rússia", declarou Duda em um discurso ao Parlamento ucraniano em Kiev, se tornando  o primeiro chefe de um Estado estrangeiro a fazê-lo desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Em Bucha e Borodianka, duas cidades próximas a Kiev, que foram ocupadas e posteriormente abandonadas pelo exército russo, centenas de civis foram encontrados mortos após a passagem das forças de Moscou.

E no sudeste da Ucrânia, a cidade portuária de Mariupol foi deixada em ruínas após meses de cerco e bombardeios implacáveis que mataram pelo menos 20.000 civis, segundo autoridades ucranianas.

"Um mundo honesto não pode voltar ao normal esquecendo os crimes, a agressão, os direitos fundamentais pisoteados", acrescentou o presidente polonês.

O presidente garantiu que não descansará "até que a Ucrânia seja membro da União Europeia" (UE) e ressaltou que "só a Ucrânia tem o direito de decidir sobre seu futuro".

"Não pode haver negociações e nenhuma decisão pode ser tomada pelas costas da Ucrânia. Nada sobre você sem você", insistiu ele no hemiciclo, onde seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, também estava presente.

"Devemos respeitar" os povos que "derramaram seu sangue" por pertencerem à Europa, disse Duda. "Mesmo que a situação seja complicada, mesmo que haja dúvidas. Não tenho dúvidas de que a União Europeia fará tal gesto" com a Ucrânia.

As declarações contrastam com as do ministro para Assuntos Europeus da França, Clément Beaune, que destacou que a adesão da Ucrânia à UE levará "provavelmente 15 ou 20 anos".

De sua parte, Zelensky afirmou que "a Polônia desempenha um papel importante em nosso futuro comum dentro da União Europeia" e disse que se a Ucrânia se tornar membro do bloco, "será graças à Polônia".

O presidente ucraniano também anunciou que "no futuro próximo" os dois países assinarão um acordo bilateral para facilitar os controles alfandegários nas fronteiras que compartilham.