Israel diz não haver 'suspeita' de conduta criminosa em morte de jornalista da Al Jazeera
Jornalista morreu ao ser atingida por tiros durante operação israelense na Cisjordânia
O exército israelense afirmou, nesta segunda-feira (23), que caso um soldado israelense tenha feito o disparo que matou a jornalista da Al Jazeera Shireen Abu Akleh, isso não implica que seja culpado de uma conduta criminosa.
"Como Abu Akleh foi assassinada em meio a uma zona de combate, não pode haver uma suspeita imediata de atividade criminosa na ausência de mais provas", disse em um comunicado citando a advogada militar Yifat Tomer-Yerushalmi.
Em última instância, Tomer-Yerushalmi será a responsável por determinar se algum soldado enfrentará ação disciplinar pelo tiroteio fatal de 11 de maio durante confrontos em Jenin, na Cisjordânia ocupada.
A advogada apontou que Israel ainda não confirmou se Abu Akleh, de dupla nacionalidade palestina e americana, foi assassinada pelos disparos palestinos ou por uma bala israelense direcionada a um militante palestino.
O exército "está realizando todos os esforços para examinar as circunstâncias do incidente e entender como Abu Akleh foi assassinada", segundo o comunicado.
A emissora Al Jazeera acusa Israel de matar Abu Akleh de forma "deliberada" e "a sangre frio".
Tomer-Yerushalmi reiterou a exigência de Israel de analisar a bala retirada do corpo da jornalista. O projétil está agora sob custódia da Autoridade Palestina.
"A incapacidade de inspecionar a bala, que está em poder da Autoridade Palestina, continua lançando dúvida sobre as circunstâncias da morte de Abu Akleh", disse o comunicado.
O exército israelense afirma se tratar de um incidente em que um soldado israelense usando "uma mira telescópica" atirou em um "pistoleiro palestino".
O homem armado "estava perto" de Abu Akleh, segundo o exército, que deseja comparar a bala com a arma usada neste incidente.
Israel se ofereceu para realizar um teste de balística com a presença de especialistas palestinos e americanos.
Mas a Autoridade Palestina se negou a trabalhar em conjunto com Israel, afirmando que esse país é "completamente responsável" pela morte de Abu Akleh.
O Ministério de Relações Exteriores palestino informou na segunda-feira que entregou um relatório sobre a "execução" de Abu Akleh ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
Em um comunicado, o Ministério "pediu ao TPI que use este relatório para acelerar suas investigações e levar criminosos e assassinos à justiça internacional".
Seguindo o procedimento, Tomer-Yerushalmi decidirá os próximos passos na investigação militar.
"A decisão final sobre iniciar uma investigação criminal só será tomada quando mais dados da investigação operacional (do Exército) e outras fontes estiverem disponíveis", disse o comunicado.