Preço da gasolina tem defasagem de 15% e vira "problema" dentro da Petrobras
A possibilidade de novas altas vem irritando o presidente Jair Bolsonaro
Depois do reajuste do diesel, feito no último dia 10 de maio, a gasolina já é motivo de preocupação da alta administração há pelo menos duas semanas.
De acordo com duas fontes, o alto escalão da estatal já vê o assunto como "um problema". Isso porque a diferença entre os preços nacionais e internacionais "abriram nas últimas duas semanas". A média da defasagem já está em torno de 15%, segundo cálculos internos da estatal.
Por isso, é possível um reajuste nas próximas semanas, embora os preços estejam mais estáveis atualmente em relação ao primeiro trimestre. "Tudo vai depender do cenário internacional".
A possibilidade de novas altas vem irritando o presidente Jair Bolsonaro que já demitiu o ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque e o presidente da Petrobras José Mauro Coelho, que ficou 40 dias no cargo. O anúncio da saída de Coelho pegou de surpresa o alto escalão da estatal ontem de noite, que classificou a medida como uma “loucura”.
Segundo dados da Abicom, que reúne as importadoras, nas duas últimas semanas a defasagem da gasolina chegou a quase 20% no Brasil. Ontem, a diferença aqui era, por exemplo, de 8% por litro. Já o diesel vem mantendo, após o reajuste, preços alinhados com o cenário internacional após o aumento.
A última vez que a Petrobras reajustou a gasolina foi no dia 11 de março, quando o preço das refinarias passou de R$ 3,25 para R$ 3,86. Neste ano, foram duas altas no preço às refinarias. Na bomba, os preços vêm se mantendo em patamar recorde com o valor médio por litro a R$ 7,27. Já o diesel, que sobe há cinco semanas seguidas, diz a Agência Nacional do Petróleo (ANP), está com o litro a R$ 6,943, em média.
Mudança no cálculo de volatilidade
Uma outra fonte lembrou que há uma tentativa da alta direção da estatal em buscar caminhos para evitar a volatilidade. Segundo essa fonte, há uma preocupação coletiva de que socialmente esses aumentos tenham uma influência menor na sociedade.
Entre as opções que estão na mesa estão "ajustes" no critério de cálculo da política de preços dos combustíveis. Hoje, os valores de gasolina e diesel são reajustados levando-se em conta três pilares: o dólar, o petróleo (com um mix da cotação de entre o Brent, usado em todo o mundo, e o WTI, que baliza o mercado americano) e a volatilidade.
Segundo uma das fontes ouvidas pelo GLOBO, "podem acontecer alterações pontuais relacionadas ao item volatilidade". Assim, essa volatilidade, que é calculada hoje com base em uma média móvel diária, poderia ser mais longa. Ou seja, seria usado um período de tempo maior no cálculo da volatilidade. A fonte explicou que se trata de mudança no "critério de cálculo", que pode levar a reajustes para cima ou para baixo independente de um período pré-estabelecido.
A política de preços na Petrobras começou em outubro de 2016. Na ocasião, a estatal disse que a nova política previa revisões de preços pelo menos uma vez por mês. Para isso, a companhia havia anunciado a criação de um "Grupo Executivo de Mercados e Preços", formado pelo presidente da empresa, o diretor da área de refino e o de Finanças.
O tema deve ser debatido amanhã na reunião do Conselho de administração da empresa.