'Provável que outras pessoas possam aparecer mortas', diz porta-voz da PM sobre operação na Penha
Até o fim da manhã desta terça-feira (24), ação deixou 11 mortos e outros dois feridos
A Polícia Militar afirmou que busca em área de mata no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio, mais suspeitos que possam estar feridos ou mortos. A corporação não descarta a possibilidade de encontrar pessoas mortas, além das 11 já contabilizadas, após o confronto.
O porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Ivan Blaz, em entrevista à Rádio BandNews FM, afirmou que os corpos estão sendo identificados e que há a possibilidade de outros serem encontrados no alto da comunidade. A operação na manhã desta terça-feira (24) deixou ao menos dois feridos. Entre os mortos, há uma moradora e dez suspeitos. (Acompanhe a ação aqui.)
"Como tem confronto em área de mata, é difícil precisar se há ou não mais mortos. Tem mata fechada, pouca visualização do oponente, e pode ter criminosos feridos, como no Salgueiro que só apareceram depois. Essa é a realidade. Vamos usar a aeronave nas buscas. Mas é provável que outras pessoas possam aparecer feridas ou mortas", diz Blaz: "Sabemos que quem são vitimados são os jovens. Não se vê cabeças (chefes) trocando tiros. Provavelmente, nós teremos criminosos de raia miúda. Buscamos por criminosos de outros estados".
Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estão desde cedo na comunidade. Segundo a PM, eles foram atacados a tiros quando iniciavam uma “operação emergencial”, com o objetivo de prender chefes da maior facção criminosa que atua no estado e que estariam escondidos no local. Moradores relatam tiros desde a madrugada.
Agentes da Polícia Militar sobrevoam a região com uma aeronave blindada. Blaz afirmou que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) do estado são um “dilema na instituição” e salientou que o programa teve pontos positivos e negativos. Ele afirmou que “as UPPs não foram eficazes contra o tráfico armado e a entrada de fuzis”. Blaz pontuou combater o crime organizado nas favelas do Rio exige "ações de maior envergadura” e que o trabalho não pode ser realizado só pela polícia.
"Os pontos positivos são todos os programas sociais, uma série de atendimentos que não eram feitos a essa população de favela, como atendimentos da Lei Maria da Penha, ronda escolar que coíbe brigas de alunos de facções rivais. A UPP não foi eficaz contra o tráfico armado. Mas as operações são pontuais e não efetivas. Dez mortos hoje e amanhã terão outros. As providências tem que ser bem maior que as ações", explicou o tenente-coronel nesta terça-feira.
Sobre os desafios da região, Blaz afirmou que “salta aos olhos o número de criminosos” que estão na região. "Polícia não é a única solução para acabar com esse cenário. Por ano, retiramos 3 mil armas por ano e 30% são fuzis. Enquanto não houver uma ação dura para o tráfico internacional de armas, a gente vai ter essa equação inominável e interminável. Estaremos nesse enxugar gelo", afirmou Blaz em entrevista à Rádio Bandnews FM.
De acordo com o porta-voz da PM, “os dados da inteligência da PM, da PF e da PRF apontam para essa globalização criminosa trocando experiências e buscando proteção em outros locais da Penha. São vários criminosos do país que estão abrigados no Complexo”.