POLÍTICA

Eduardo Cunha diz que votará em Bolsonaro: 'Estou enfrentando o PT'

Ex-presidente da Câmara diz que é 'antipetista' e avalia que erros de Doria começaram ao deixar prefeitura de São Paulo

Eduardo Cunha - José Cruz/Agência Brasil

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PTB) declarou nesta terça-feira (24), que apoiará a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. O ex-deputado tenta reverter a inelegibilidade para disputar novamente uma cadeira no Congresso neste ano.

Cunha tentou se filiar ao Pros e assumir o comando do partido em São Paulo, mas divergências internas travaram o plano. Ele, então, decidiu se filiar ao PTB, legenda que reúne uma série de apoiadores do presidente.

Em entrevista ao programa "Pânico", Cunha disse que votará em Bolsonaro por ele ser o candidato que vai enfrentar o PT, legenda que lançará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Palácio do Planalto.

"Independentemente de gostar ou não do Bolsonaro, sou antipetista. A questão não é gostar ou não, é o que ele representa. Eu estou enfrentando o PT, e hoje ele representa esse enfrentamento" disse Cunha, que abriu o processo que resultou no impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

O ex-deputado também foi questionado sobre a saída do ex-governador João Doria (PSDB) da corrida presidencial — o ex-governador de São Paulo anunciou na segunda-feira (23) que estava deixando a disputa. Para Cunha, Doria sofreu as consequências de escolhas políticas equivocadas que começaram quando decidiu deixar a prefeitura de São Paulo para concorrer ao governo do estado, em 2018.

"Doria não podia ter deixado a prefeitura, porque criou uma rejeição forte na capital. Depois, se elegeu (governador) às custas do Bolsonaro, mas virou oposição ferrenha ao Bolsonaro. O eleitor viu que tem interesse. Por melhor que fosse a gestão dele, na política, perante o eleitor, ele acabou. Ficou inviável", disse.

Cunha foi condenado por corrupção na Lava-Jato e chegou a ficar preso preventivamente — na pandemia, passou a cumprir prisão domiciliar, e em meados do ano passado retomou a liberdade. Em dezembro do ano passado, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) anulou uma das condenações e enviou o caso para a Justiça Eleitoral. Em um outro caso, em que já existia sentença em segunda instância, o Supremo Tribunal Federal (STF) também havia sustado a condenação e remetido os autos à Justiça Federal.

Por fim, há uma sentença em primeiro grau, da Lava-Jato do Paraná, em que ele foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Como não há decisão de segundo grau em vigor no momento, Cunha está inelegível porque teve o mandato cassado na Câmara.