Economia

Petrobras: Conselho de Administração se reúne hoje "sem hora para acabar"

Encontro previa discussão sobre política de preços, mas pauta deve incluir convocação de assembleia de acionistas para trocar o comando da estatal

Sede da Petrobras - Fernando Frazão/Agência Brasil

O Conselho de Administração da Petrobras se reúne na manhã desta quarta-feira, a partir das 8h30, num encontro “sem hora para acabar” e pauta alterada de última hora, destaca uma fonte com conhecimento do assunto. A reunião será presencial na sede da estatal, no Rio.

A sessão do colegiado já estava marcada, mas agora vai ocorrer em meio a mais polêmica envolvendo a troca de comando da empresa, com a demissão de José Mauro Coelho pelo presidente Jair Bolsonaro, insatisfeito com o aumento nos preços da gasolina e diesel no Brasil.

O indicado do governo, o secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade, não tem a experiência na área de energia exigida pela Lei das Estatais, apontam advogados.

A pauta da reunião, segundo fontes, passou por ajustes de última hora para incluir o debate sobre o ofício recebido pelo Ministério de Minas e Energia (MME) que trata sobre a indicação de Andrade para substituir o atual presidente, José Mauro Coelho, que está há pouco mais de um mês no cargo.

A demissão de Coelho foi uma decisão do presidente Jair Bolsonaro, incomodado com o impacto do aumento dos preços de combustíveis em sua popularidade.

A avaliação é que serão necessários cerca de 45 dias para preparar a empresa para uma nova Assembleia Geral Extraordinária de acionistas. Ou seja, a troca no comando poderia ocorrer apenas em julho.

Para ser eleito presidente da estatal, Andrade precisa ser eleito por acionistas como membro do Conselho de Administração, que tem 11 cadeiras, sendo seis atualmente ocupadas por representantes da União.

Como Coelho foi eleito pelo sistema de voto múltiplo (conjunto) na última assembleia para uma vaga no Conselho, outros sete conselheiros eleitos nesse sistema vão precisar passar por uma nova votação — o que inclui, assim, os seis nomeados pela União e outros dois dos quatro que foram indicados pelos minoritários.

Os funcionários têm direito a uma cadeira.  Em tese, o governo pode, nessa nova votação, conquistar todas essas oito vagas. 

Segundo fontes, é esperado que o governo queira indicar novos nomes ao Conselho de Administração, assim como o novo presidente queira nomear novos diretores. “É algo natural esse movimento”, disse essa fonte. 
 

Nesses 45 dias, período que é previsto para a próxima assembleia, o nome de Caio deve passar pelos órgãos de controle da estatal, assim como eventuais nomes que o MME queira indicar ao Conselho. Até lá, Coelho pode ficar no cargo.

“O ideal é conduzir com tranquilidade nesse momento. Só Deus sabe a hora que a reunião vai acabar “, disse uma fonte informada sobre a pauta do conselho.

Na pauta do Conselho serão debatidos ainda de forma informal ajustes na política de preços da companhia e a busca de outros mecanismos para reduzir a volatilidade nos preços dos combustíveis.

O ministro da Economia Paulo Guedes defende, segundo a colunista Malu Gaspar, que os preços sejam travados por cerca de cem dias ou mais. A nomeação de Andrade e uma eventual troca de membros da diretoria facilitaria esse objetivo.

Além dos preços e da mudança no comando, os conselheiros vão tratar do orçamento de investimentos para 2022, o plano de negócios 2023/2027, que vai ser lançado no fim deste ano, a atualização do plano de desinvestimentos e o processo de venda de refinarias como a da Lubnor, em Fortaleza.