Bolsonaro critica dificuldades para indicar quarto presidente da Petrobras
Presidente afirmou que "não tem cabimento" a compensação pelo governo federal a estados
O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta quinta-feira a dificuldade em trocar o presidente da Petrobras. Ele afirmou que tem "total direito", através do Ministério de Minas e Energia, de "propor mudanças, não só do Conselho, como da diretoria e do próprio presidente". Ele afirmou que a permanência de José Mauro Coelho no comando da estatal seria o mesmo de "manter ministro do Temer" quando ele assumiu a presidência - embora esteja tentando trocar do cargo um presidente indicado por ele há menos de dois meses.
--- É a mesma coisa que eu a gente tivesse, quando assumi o governo, não trocar ninguém é ficar com mesmo ministro do Temer, não tem cabimento -- afirmou.
Esta será a quarta vez, em menos de quatro anos, que o presidente Jair Bolsonaro troca o comando da Petrobras. O governo dele começou, em 2019, com Roberto Castello Branco, indicado pelo ministro Paulo Guedes, à frente da estatal. Ele foi substituído no ano passado pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, que caiu um ano depois pelo mesmo motivo do antecessor: desagradou a Bolsonaro com a manutenção dos reajustes dos combustíveis seguindo a cotação internacional do petróleo.
Bolsonaro deu as declarações na saída da Capela São Pedro Nolasco, na Vila Telebrasília, onde, segundo O Globo apurou, gravou a participação na propaganda partidária do PL, seu partido.
Como o Globo mostrou, a mudança no comando da estatal não será imediata. Para ser efetivado no comando da empresa, o novo presidente, Caio Paes de Andrade, vai ter que ser nomeado integrante do Conselho de Administração. E, para isso, uma nova assembleia terá de ser convocada. A Petrobras, por sua vez, está tornando o processo de troca de presidente mais lento.
Na segunda-feira, foi a vez de José Mauro Coelho ser tirado do posto. Ele havia sido nomeado em abril e ficou pouco mais de um mês no cargo. Coelho ficou apenas 40 dias no cargo. Desde a troca no comando do Ministério de Minas e Energia (MME), quando Adolfo Sachsida assumiu a pasta, uma possível mudança na chefia da Petrobras passou a ser ventilada e encarada com naturalidade por integrantes da equipe econômica.
O presidente também criticou parte do projeto aprovado nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados, que limita o ICMS a 17% para energia, combustíveis, telecomunicações e transporte coletivo. Bolsonaro disse que não tem "cabimento" a criação de um subsídio federal para compensar os estados por eventuais perdas na arrecadação.
--- Agora eu vejo que emendaram [o projeto] para o governo federal compensar possíveis perdas. Daí não tem cabimento. Criaram um subsídio federal para o governo pagar em cima dos combustíveis'.
Durante a tramitação do texto, em um aceno aos estados, foi incluído um dispositivo que prevê uma regra de transição de seis meses com compensação em caso de perda de arrecadação, mas os recursos só poderão ser usados para abatimento de dívidas com a União.