Chuvas

Moradores de Santo Aleixo, em Jaboatão Centro, vivem dias de desespero após perderem casas

Os moradores do bairro de Santo Aleixo e de comunidades como Malvinas, Moenda de Bronze e Padre Roma, em Jaboatão Centro, vivem dias de sofrimento após as fortes chuvas que atingiram Pernambuco nos últimos dias

José Luiz Peixoto de Melo, de 57 anos, morava ao lado do rio e teve a sua casa totalmente destruída - Melissa Fernandes/ Folha de Pernambuco

Os moradores do bairro de Santo Aleixo e de comunidades como Malvinas, Moenda de Bronze e Padre Roma, em Jaboatão Centro, na Região Metropolitana do Recife, vivem dias de sofrimento após as fortes chuvas que atingiram Pernambuco nos últimos dias. Entulhos, lama e muita dor tomam conta das ruas e os moradores se mobilizam para tentar ajudar um ao outro como podem, tirando os restos dos móveis das casas, o barro que invade calçadas e asfaltos, ou oferecendo um almoço para quem está sem comida em casa. 

Após o Rio Duas Unas subir de nível e transbordar devido às chuvas, famílias ficaram desabrigadas, desalojadas e perderam tudo. Em Santo Aleixo, o cenário é devastador. Nas ruas 2ª Travessa Estrada da Luz e José Francisco da Cunha, que ficam próximas ao rio, a população perdeu tudo que tinha, até mesmo a estrutura da casa. Os níveis da água foram tão elevados que chegaram no teto das casas na noite da última sexta-feira (27) para o sábado (28).  Além dos prejuízos causados pelas chuvas, os moradores estão há três dias sem energia e sem água. 

Fernando Figueiroa mora em Santo Aleixo e perdeu tudo com a inundação. Ele relatou que a água entrou nas casas rapidamente e ajudou no socorro de outros moradores do bairro que estavam com água no pescoço. O morador afirma que a população não está tendo apoio da Prefeitura de Jaboatão. 

Fernando Figueiroa mora em Santo Aleixo e perdeu tudo com a inundação. Foto: Melissa Fernandes/ Folha de Pernambuco

“Foi muito rápido e, infelizmente, a gente não está tendo apoio nenhum da prefeitura que estava limpando o parque ao invés de ajudar a população que está precisando. Na Malvinas, nem asfalto tem, não passa um carro, a moto não estava passando, todo o asfalto saiu. Perdemos tudo, temos um primeiro andar que consegui levar a minha avó, mas no outro dia ela precisou ser socorrida e está no hospital acamada. A gente tirou tudo já molhado, não sabemos se algo ainda presta”, destacou.

Moradora há mais de 30 anos no bairro, Edjane Saturno, de 56 anos, nunca tinha visto a água subir tanto e destruir todas as suas coisas. 

Edjane Saturno mora há mais de 30 anos em Santo Aleixo. Foto: Melissa Fernandes/ Folha de Pernambuco

“Nesse momento eu fico muito angustiada, porque a gente tem as coisas com sacrifício, e eu não sei de onde veio tanta água e acabou com tudo. A minha situação nesse momento é de muita tristeza, muita angústia mesmo. Eu perdi tudo, não tenho nada. Não temos ajuda, só se Jesus mandar, e os vizinhos que são muito bons que estão nos ajudando”, pontuou.
 

José Luiz Peixoto de Melo, de 57 anos, morava ao lado do rio até ver sua casa ser totalmente destruída. 

José Luiz Peixoto de Melo morava ao lado do rio. Foto: Melissa Fernandes/ Folha de Pernambuco

“O sentimento que tenho é só de chorar, eu perdi tudo, a gente precisa de alguém, ninguém ajuda a gente. Foram limpar o parque e a gente sofrendo aqui, não tenho roupa, não tenho nada. Perder tudo não é brincadeira. Estou ficando na casa de um amigo. Preciso de tudo, feira, roupa. Cadê a ajuda?”.  

Maria Selma de Melo, de 61 anos, mora com a filha, os dois netos e o genro em Santo Aleixo. Ela relatou que, de repente, viu a água subir. Tentaram recuperar alguns móveis, mas não conseguiram. Maria é moradora da localidade há quase 40 anos. 

Maria Selma de Melo perdeu tudo após a inundação. Foto: Melissa Fernandes/ Folha de Pernambuco

“Aconteceu de repente, a gente estava dormindo, quando a gente se levantou, a água já estava na canela, não deu tempo de tirar os móveis. Eu não tenho nada, foi tudo carregado pelo rio. Até agora, não tivemos ajuda da prefeitura, têm algumas irmãs da igreja que deram algumas roupinhas. Eu tomo remédio de pressão, e estou precisando de ajuda. Estamos precisando de muitas coisas, roupa, comida e estou na casa dos outros”, afirmou. 

Defesa Civil 

De acordo com o superintendente da Defesa Civil de Jaboatão, Artur Paiva, equipes estão trabalhando nas localidades afetadas. Sobre a demanda de urgência e a falta de equipe durante a ida da Folha de Pernambuco a Santo Aleixo nesta segunda-feira (30), o superintendente explicou que uma equipe extra seria enviada para a área para dar orientações e olhar a situação da população ainda na tarde desta segunda. 

“O pessoal que foi afetado pela inundação em um primeiro momento foi atendido, inclusive, pelo pessoal do Corpo de Bombeiros que tem embarcações. Agora estamos fazendo o levantamento dos prejuízos que foram causados para poder viabilizar a questão da assistência. O volume de problemas que a cidade está passando ultrapassaram a nossa capacidade, mas nós estamos atendendo conforme as grandes prioridades e essa localidade também é prioridade”, destacou. 

No caso de emergências, a população do Jaboatão dos Guararapes deve ligar para a Defesa Civil do município através do 0800 281 2099 ou (81) 9.9195-6655. A Defesa Civil de Pernambuco também atende a população da cidade através do (81) 3181-2490 ou 199.