Dos sintomas ao tratamento, tudo que você precisa saber sobre a varíola dos macacos
Doença endêmica da África tem casos suspeitos e confirmados em mais de 20 países, incluindo o Brasil
Casos confirmados ou suspeitos da varíola dos macacos, doença endêmica de alguns países da África, já foram identificados em mais de 20 países, incluindo o Brasil. Embora a maioria dos casos seja leve e a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirme que o surto inédito não deve levar a uma nova pandemia, a disseminação da doença preocupa autoridades de saúde. Seguem os principais pontos sobre a infecção viral.
O que é
A varíola dos macacos é uma zoonose silvestre, ou seja, uma doença infecciosa que passa de macacos e outros animais para humanos. Ela é causada pelo vírus que leva o mesmo nome (varíola dos macacos) e pertence à família dos orthopoxvírus. A infecção é semelhante à varíola humana — única doença erradicada no mundo —, mas mais leve.
Existem duas variantes da doença, conhecidas como África Ocidental e África Central. A primeira, associada ao surto atual, é mais leve, com taxa de mortalidade de cerca de 1%. Para a segunda, o índice é de 10%.
Onde surgiu
A varíola dos macacos foi descoberta pela primeira vez em 1958, em macacos de um laboratório em Copenhagen, na Dinamarca. O primeiro caso em humanos foi registrado em 1970, na República Democrática do Congo, durante um período de intensificação dos esforços para eliminar a varíola.
Desde então, a doença foi relatada em pessoas em outros países da África Central e Ocidental, onde é considerada endêmica.
Sintomas
Sintomas iniciais comuns são febre, dores musculares, cansaço e linfonodos inchados, entre outros. Uma característica comum da doença é o aparecimento de erupções na pele (lesões) que começam no rosto e se espalham para o resto do corpo, principalmente as mãos e os pés. Eles aparecem entre 6 e 13 dias, mas podem levar até três semanas após a exposição. Geralmente, a doença é leve, e os sintomas desaparecem sozinhos dentro de duas a três semanas. Casos graves são raros, mas já foram relatados.
Transmissão
A transmissão normalmente acontece do animal para a pessoa em florestas da África Central e Ocidental, onde a doença é endêmica. Casos de contágio entre seres humanos são mais raros, de acordo com a OMS.
O vírus se espalha através de fluidos corporais, contato com a pele e gotículas respiratórias.
Diagnóstico e Tratamento
Inicialmente, o diagnóstico é clínico, baseado em sinais, sintomas e histórico do paciente. Mas a confirmação é feita apenas por meio de um teste PCR, que detecta o vírus preferencialmente nas lesões de pele.
Já o tratamento, em geral, é sintomático. Mas existem medicamentos antivirais que podem ser usados em pessoas sob risco de complicações, como o tecovirimate e o cidofovir. Entretanto, nenhum deles está disponível no Brasil.
Prevenção
Há dois tipos de prevenção para a varíola do macaco: manter os cuidados pessoais, como lavar as mãos e evitar contato com pessoas infectadas; e a vacina da varíola humana, que protege contra a varíola de macaco. Como ambos os vírus pertencem à mesma família, Poxviridae e ao mesmo gênero, Orthopoxvirus, há imunidade cruzada.
Estudos apontam que a vacinação contra a varíola pode prevenir em até 85% a varíola dos macacos. Entretanto, esse imunizante parou de ser usado no mundo no início da década de 1980, quando a doença foi classificada erradicada.
Além da vacina original contra a varíola, existe um imunizante mais recente, produzido pela empresa dinamarquesa Bavarian Nordic. Aplicado em duas doses, ele foi aprovado em 2019, nos EUA, para prevenção de varíola e varíola dos macacos em adultos. A vacina também não está disponível no Brasil.
Grupos de risco
Embora a varíola dos macacos seja geralmente leve, crianças e pessoas com imunossupressão correm risco de complicações. Durante a gravidez, há risco de varíola congênita ou morte do bebê, segundo a OMS. As complicações podem ocorrer principalmente devido a infecções bacterianas secundárias, que podem evoluir para sepse e morte ou disseminação do vírus para o sistema nervoso central, gerando encefalite, que pode ter sequelas sérias ou levar ao óbito.
Países em que a doença foi identificada
Mais de 400 casos confirmados da doença já foram relatados, em 24 países não endêmicos, em todos os continentes. São eles: Austrália, Áustria, Bélgica, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, França, Irlanda, Malta, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça, Reino Unido, Israel, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Canadá, México e Estados Unidos.