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Israel assina com Emirados o primeiro acordo de livre comércio com um país árabe

O acordo de normalização de 2020 era parte dos Acordos de Abraão, intermediados pelos EUA

Ministros da Economia Orna Barbivai (Israel) e Abdulla bin Touq al-Marri (Emirados Árabes) mostram acordo - Anuj Taylor/AFP

Israel e Emirados Árabes Unidos assinaram nesta terça-feira (31) um acordo de livre comércio que consolida a normalização de suas relações diplomáticas estabelecida em 2020, o primeiro pacto do tipo que o Estado hebreu firma com um país árabe.

"Felicidades", celebrou em uma mensagem no Twitter em árabe o embaixador de Israel nos Emirados Árabes Unidos (EAU), Amir Hayek, com uma foto que mostra autoridades dos dois países durante a cerimônia de assinatura do acordo em Dubai.

O enviado dos EAU a Israel, Mohamed Al Khaja, chamou de "conquista sem precedentes" o acordo que suprime os direitos de importação sobre 96% dos produtos negociados entre as partes.

"As empresas dos dois países se beneficiarão de um acesso mais rápido aos mercados e de tarifas menores, pois nossas nações trabalham juntas para aumentar o comércio, criar postos de trabalho... e aprofundar a cooperação", tuitou Khaja.

O acordo de normalização de 2020 era parte dos Acordos de Abraão, intermediados pelo governo dos Estados Unidos, que também permitiram a Israel estabelecer relações diplomáticas com Bahrein e Marrocos. 

O comércio entre Israel e Emirados Árabes Unidos alcançou 900 milhões de dólares em 2021, segundo os dados oficiais israelenses.

O presidente do conselho empresarial EAU-Israel, Dorian Barak, prevê um aumento considerável do comércio entre as duas potências regionais.

"O comércio entre Emirados e Israel vai superar dois bilhões de dólares em 2022 e aumentará a quase cinco bilhões de dólares em cinco anos, reforçado pela colaboração nos setores de energias renováveis, bens de consumo, turismo e ciências", afirmou em um comunicado. 

"Dubai está se transformando rapidamente em um centro para as empresas israelenses que olham para o sul da Ásia, Oriente Médio e Extremo Oriente como mercados para seus bens e serviços". 

Quase 1.000 empresas israelenses trabalharão nos e através dos EAU até o fim do ano, de acordo com Barak. 

- "Histórico" -
"Israel e os Emirados assinaram um acordo histórico de livre comércio, o primeiro desse tipo entre Israel e um país árabe", escreveu no Twitter o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett.

"Sob o impulso do meu amigo Mohamed bin Zayed (Al-Nayane, dirigente dos Emirados) e graças a muita determinação, este é o acordo de livre comércio mais rápido da história de Israel", continuou.

As conversações para o acordo começaram em novembro e foram concluídas em abril, após quatro rodadas de negociações.

Israel já assinou acordos de livre comércio com outros países e blocos, incluindo Estados Unidos, União Europeia, Canadá e México. 

A assinatura desta terça-feira aconteceu dois dias depois da marcha de milhares de israelenses pela Cidade Antiga de Jerusalém para celebrar a tomada da parte leste da cidade por Israel em 1967. 

A anexação de Jerusalém Leste por Israel nunca foi reconhecida pela comunidade internacional. 

A marcha aconteceu em um momento de grande tensão entre a polícia, os manifestantes israelenses e os palestinos, que consideram a marcha anual uma provocação.

Quase 2.600 não muçulmanos, turistas e israelenses, visitaram no domingo a Esplanada das Mesquitas, um dos lugares mais sagrados do Islã, um número muito superior ao habitual. 

Os Emirados condenaram na segunda-feira com veemência o que chamaram de "ataque" de Israel ao local.