Supremo

Votos de Nunes Marques mostram histórico de alinhamento com governo Bolsonaro

Por conta de seu alinhamento constante com pautas favoráveis ao Planalto, o presidente já chegou a dizer que há "10%" dele dentro do STF

O ministro Kassio Nunes Marques, do STF - Fellipe Sampaio/SCO/STF

Primeiro ministro indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal, Kassio Nunes Marques costuma, no geral, se alinhar com o governo em julgamentos sensíveis ao Planalto, o que já levou o presidente a dizer que há “10%” dele dentro do STF.

Na quinta-feira, o ministro suspendeu decisão do plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que havia cassado o deputado estadual bolsonarista Fernando Francischini (União Brasil-PR) por disseminar fake news contra as urnas eletrônicas.

Com a reviravolta no caso, a decisão de Kassio pode ser usada por Bolsonaro como uma espécie de vacina contra eventuais pedidos de cassação da sua chapa nesta campanha. Relembre outros casos em que o ministro indicado por Bolsonaro votou alinhado com o governo.

Daniel Silveira

Apenas Nunes Marques votou pela absolvição do deputado.Como revisor da ação penal, ele disse repudiar a "lamentável linguagem" usada pelo parlamentar, mas disse entender que, "por mais absurdas que sejam", não vê como suficiente para condená-lo, julgando a denúncia como improcedente.Silveira foi condenado a 8 anos de prisão por ameaças e incitação à violência contra ministros da Corte, mas um dia depois recebeu indulto do presidente.

Cultos na pandemia

Votou a favor da liberação de de cultos na pandemia. A proibição, decretada por alguns estados e municípios como medida de combate ao coronavírus, vinha sendo criticada por Bolsonaro. O STF manteve o aval para que os entes federativos adotassem a medida, mas o voto de Nunes Marques foi ao encontro dos interesses dos evangélicos, base eleitoral importante para Bolsonaro.

Decreto das armas

Interrompeu o julgamento de ações em que há expectativa para derrubar os decretos presidenciais que facilitaram a compra de armas.

Reeleição na Câmara

Votou para barrar a candidatura de reeleição de Rodrigo Maia, adversário de Bolsonaro, à presidência da Câmara, e liberar a de Davi Alcolumbre, então próximo ao governo, à presidência do Senado. O impedimento a Maia acabou facilitando a eleição de Arthur Lira (PP-AL), aliado do Planalto, para o comando da Casa.

CPI da Covid

Foi o que mais tomou decisões contra a CPI da Covid e, por consequência, favoravelmente aos investigados. Somente em relação a pedidos de quebra de sigilos determinados pela comissão, ele suspendeu ao menos seis.

Vacinação

Entendeu que apenas o governo federal, mas não os estados, podem determinar a obrigatoriedade da vacinação de Covid-19. Desde o início da pandemia, a gestão Bolsonaro e os governadores disputam um queda de braço sobre a condução das medidas de contenção da doença.

Indígenas

Votou a favor do marco temporal da demarcação de terras indígena. Por esse entendimento, os indígenas do país só podem reivindicar áreas nas quais já estivessem se estabelecido até a data de promulgação da Constituição de 1988, proposta defendida pelo governo.