Principal bloco político civil se nega a dialogar com o exército no Sudão
País vive em crise desde o golpe de Estado em outubro de 2021
O principal bloco político civil do Sudão afirmou, nesta segunda-feira (6), que não irá dialogar com os militares no poder, em um país imerso em uma profunda crise desde o golpe de Estado de outubro de 2021.
As forças da Liberdade e Mudança (FLC), que encabeçaram a revolta que derrubou Omar al Bashir em 2019, após 30 anos de ditadura, disseram que receberam um convite da ONU, da Organização Africana e da organização regional da África Oriental IGAD para uma "reunião técnica" com o exército na próxima quarta-feira.
Mas indicaram em um comunicado que não participariam no diálogo.
Qualquer processo político deve ter como objetivo "pôr fim no golpe de Estado e estabelecer uma autoridade civil democrática", disseram as FLC. "Isso não pode ser feito inundando este processo com partidos que representam o grupo golpista ou ligado ao antigo regime", acrescentou.
Após a queda de al Bashir, as FLC firmaram um acordo com o exército que marcou o início de um período de transição e previu uma divisão de poder entre civis e militares. O processo deveria levar a eleições.
Mas, em 25 de outubro de 2021, um golpe liderado pelo chefe do exército, o general Abdel Fattah al Burhan, interrompeu o processo de transição.
Desde o golpe de Estado, a comunidade internacional fez da volta dos civis ao poder uma condição imprescindível para a retomada da ajuda ao Sudão, um dos países mais pobres do mundo.
Também pedem que acabe com a repressão, que deixou 100 manifestantes pró-democracia mortos desde 25 de outubro.
Na segunda-feira, outro manifestante morreu durante um novo protesto contra o golpe perto de Cartum, a capital, segundo um grupo de médicos.