Estados Unidos anunciam investimento bilionário antimigração na Cúpula das Américas
Estados Unidos anunciará nesta terça-feira (7) novos compromissos de investimentos privados de 1,9 bilhão de dólares na América Central para conter a migração
O governo dos Estados Unidos anunciará nesta terça-feira (7) novos compromissos de investimentos privados de quase dois bilhões de dólares na América Central para conter a migração, um dos principais temas na Cúpula das Américas afetada pelo boicote de vários presidentes, como o do México.
O anúncio, que será feito pela vice-presidente Kamala Harris, permitirá desviar a atenção das ausências dos presidentes do México, Honduras, Guatemala e Bolívia, que decidiram protestar contra a exclusão dos governos da Nicarágua, Venezuela e Cuba, que Washington considera ditaduras. O presidente do Uruguai também não comparecerá ao evento, mas no seu caso porque testou positivo para Covid-19.
O pacote alcança 1,9 bilhão de dólares para Honduras, Guatemala e El Salvador na forma de "novos investimentos de quase 10 empresas", incluindo a gigante do setor têxtil GAP e o grupo de telecomunicações Millicom, informou um funcionário de alto escalão do governo que pediu anonimato.
Com o novo valor, as promessas de investimento totalizam 3,2 bilhões de dólares de capital privado para o denominado Triângulo Norte da América Central.
Dos três países procedem a maioria dos quase 7.500 migrantes sem documentos que atravessam a cada dia a fronteira entre Estados Unidos e México para fugir da miséria, do medo, da corrupção e da violência.
Um fluxo migratório que tem um custo político para o governo de Joe Biden e pode fazer com que os democratas percam o controle do Congresso nas eleições de meio de mandato de novembro.
Na Cúpula das Américas, que prossegue até sexta-feira, serão adotados cinco documentos sobre áreas consideradas cruciais: governança democrática, saúde a resiliência, mudança climática e a sustentabilidade ambiental, transição para a energia limpa e transformação digital.
A migração fica de fora, mas o governo Biden espera assinar uma declaração migratória para a qual conta com o apoio do México, apesar do boicote do presidente Andrés Manuel López Obrador, que enviará seu chanceler ao encontro.
"Estamos muito confiantes de que os países que assinarão a Declaração sobre Migração estarão comprometidos com seus objetivos e isso inclui, apenas para esclarecer, o México", disse uma fonte do governo americano.
Kamala Harris também pretende anunciar nesta terça-feira uma iniciativa de empoderamento das mulheres, ao mesmo tempo que o Departamento de Estado divulgará a agenda digital para ampliar o acesso à tecnologia e uma iniciativa que promove os meios de comunicação independentes.
Aliança e reformas
Na quarta-feira, Biden fará um discurso para iniciar os dias mais intensos da reunião, até o momento concentrada na sociedade civil.
Biden anunciará uma aliança com a América Latina para a prosperidade econômica, em plena recuperação pós-pandemia, para revitalizar as instituições econômicas regionais e mobilizar investimentos.
Também deve propor uma "reforma ambiciosa" do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) "para abordar de maneira mais eficiente o desafio do desenvolvimento da região porque o setor privado tem um papel central", explicou.
Washington tentará obter uma participação de capital no BID para investir na área de empréstimos do setor privado e "direcioná-los para onde têm maior impacto".
O presidente americano também anunciará mais de 300 milhões de dólares em ajuda para a região em caso de insegurança alimentaria, com a guerra na Ucrânia como pano de fundo.
O conflito bélico desatado pela invasão determinada pelo presidente russo Vladimir Putin provocou a disparada dos preços de alguns produtos da cesta básica.
Além da cúpula, a programação inclui um fórum sobre a sociedade civil, outro sobre a juventude das Américas e a Cúpula Empresarial das Américas, que começa nesta terça-feira.