ECONOMIA

"Bondades eleitorais" de Bolsonaro já somam R$ 335 bi com projeto para reduzir preço de combustível

Além de medidas para diesel, gasolina e gás, ações incluem ampliação de programas sociais, antecipação de pagamentos a aposentados, saque do FGTS e linhas de crédito

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, gesticula durante cerimônia para anunciar novas medidas para o programa de crédito Brasil Empreendedor no Palácio do Planalto, em Brasília, em 25 de maio de 2022 - Sergio Lima / AFP

A lista de “bondades eleitorais” do presidente Jair Bolsonaro cresceu com o anúncio do pacote para baixar o preço dos combustíveis e agora as medidas, grande parte anunciada neste ano, já somam R$ 335,2 bilhões.

Esse montante inclui ações que têm impacto nas contas do governo, como a ampliação do Auxílio Brasil e renúncias fiscais, e também medidas financeiras, como antecipação do 13º a aposentados e do FGTS.

A ofensiva sobre os combustíveis é a nova cartada do presidente em um pacote bilionário, que envolve acenos a diferentes públicos, mas com um objetivo claro: melhorar sua popularidade a fim de se cacifar melhor para a corrida eleitoral.

Se antes o carro-chefe da estratégia eram as ações voltadas à população vulnerável – como o Auxílio Brasil de R$ 400 e o vale-gás –, agora, a nova obsessão do presidente está no preço dos combustíveis.

As constantes altas nos preços de combustíveis, que pressionam a inflação pelo potencial que têm de disseminar reajustes salgados nos preços de produtos básicos, afetam em cheio sua popularidade, um mau negócio para o ano eleitoral.
 

Com o pacote anunciado, ele ainda consegue acenar a uma importante base – os caminhoneiros – e coloca os estados e seus governadores, antagonistas políticos desde o início da pandemia – em situação delicada para negar o pedido.

Confira as principais ações anunciadas pelo presidente para 2022

Com impacto no orçamento (R$ 151,2 bilhões)

- Ampliação do Auxílio Brasil – aumento de R$ 56 bilhões em relação ao orçamento do Bolsa Família

- Auxílio-gás – R$ 1,9 bilhão

- Renúncia fiscal com isenção dos tributos federais do diesel, gás e redução linear do IPI – R$ 43,3 bilhões

- Novo pacote de redução tributária sobre combustíveis (compensação de ICMS dos estados e zerar tributos federais sobre etanol e gasolina até o fim do ano) – até R$ 50 bilhões

Sem impacto fiscal (R$ 184 bilhões)

- Antecipação do pagamento de 13º para aposentados e pensionistas – R$ 56 bilhões

FGTS

- Saque extraordinário do FGTS – R$ 30 bilhões

- SIM Digital (crédito para microempreendedores) – R$ 3 bilhões (em recursos do FGTS para aquisição de cotas do Fundo Garantidor de Microfinanças)

Linhas de crédito

- BB antecipa frete (para caminhoneiros) – R$ 8 bilhões

- Programa Crédito Brasil Empreendedor – R$ 87 bilhões (R$ 23 bilhões em medida provisória que trata da regulação dos fundos garantidores de crédito para micro, pequenas e médias empresas; R$ 50 bilhões para extensão do Pronampe; R$ 14 bilhões para o Programa de Estímulo ao Crédito, para empresas com receita bruta anual e até R$ 300 mi)

- Ações anunciadas sem projeção de impacto: Brasil para Elas, voltado para mulheres empreendedoras, e Giro Caixa Transporte (para antecipação de frete a caminhoneiros)

O Ministério da Economia e Planalto foram procurados, mas não comentaram até o momento.