Cúpula das Américas

Cuba prevê resultados mínimos em questões migratórias na Cúpula das Américas

A Cúpula das Américas, inaugurada nesta quarta-feira pelo presidente dos Estados Unidos Joe Biden, tem como tema central a migração

Uma faixa pendurada no Centro de Convenções de Los Angeles, local da Nona Cúpula das Américas em 05 de junho de 2022 em Los Angeles, Califórnia - Anna Moneymaker / Getty Images via AFP

Cuba afirmou nesta quarta-feira (8) que a Cúpula das Américas não terá um "resultado efetivo" para a região sobre a questão migratória, devido à falta de uma discussão aprofundada no cúpula de Los Angeles, e alertou que o fluxo migratório continuará.

"Não devemos esperar nenhum resultado efetivo para um problema que continuará pesando em nossas sociedades e nas relações hemisféricas", disse Díaz-Canel. Na cúpula, não se espera "uma discussão aprofundada" sobre o assunto. 

"Segmentos crescentes da população continuarão buscando a satisfação de suas necessidades e seus sonhos de prosperidade nas economias avançadas do norte", disse o presidente a altos funcionários e representantes da sociedade civil que não puderam participar do encontro paralelo ao encontro de Los Angeles.

A Cúpula das Américas, inaugurada nesta quarta-feira pelo presidente dos Estados Unidos Joe Biden, tem como tema central a migração. No entanto, presidentes de países emissores de migrantes se ausentaram em protesto pela exclusão de Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Especialmente Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, país por onde transitam milhares de migrantes diariamente para chegar à fronteira com os Estados Unidos.

Cuba está vivendo "um Mariel silencioso", disseram analistas, devido aos quase 150 mil cubanos que deixaram a ilha em sete meses, um número maior do que os 130 mil que deixaram Cuba do porto de Mariel em 1980. 

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, anunciou na terça-feira um investimento privado de quase 2 bilhões de dólares na América Central para conter a migração. 

No entanto, Díaz-Canel disse que, no caso de Cuba, Washington mantém uma "política de guerra econômica" para deprimir o nível econômico da população, além de restringir as formas de emigrar, ao mesmo tempo que estimula a saída "irregular" dos habitantes, privilegiando-os com a possibilidade de ter residência permanente quando entrarem nos Estados Unidos ilegalmente.

"É a fórmula perfeita para promover a migração irregular", indicou, ao assegurar que "as fórmulas repressivas" para conter os migrantes "permitem mitigar" o fluxo temporariamente, mas não resolvem suas causas.

O presidente cubano também acusou os Estados Unidos de querer decidir quem são os atores sociais "legítimos e quem não são" para comparecer à cúpula de Los Angeles. 

Os Estados Unidos concordaram em conceder visto a um grupo oficial de cubanos que participariam do Encontro dos Povos paralelo à cúpula, mas o documento seria concedido fora da ilha, processo que custaria caro demais.

Enquanto isso, os membros de um grupo dissidente da sociedade civil convidados a participar obtiveram um visto, mas foram impedidos pelo governo cubano de deixar o país para participar.