Em Orlando, Bolsonaro vai a motociata, fala a evangélicos e diz que pode ver Trump até as eleições
Presidente foi à Flórida oficialmente para inaugurar vice-consulado, mas esta atividade ocupou menor parte de seu dia na localidade
No último dia de sua viagem aos Estados Unidos, Jair Bolsonaro esteve em Orlando, na Flórida, para inaugurar um vice-consulado. Mas o que mais tomou seu tempo na cidade foram eventos com apoiadores e atos em que a comunidade brasileira na região defendeu a reeleição do presidente.
Pela manhã, Bolsonaro inaugurou o vice-consulado de Orlando, uma extensão do Consulado-Geral do Brasil em Miami que visa a atender não só residentes como também os cerca de um milhão de turistas que vêm para a região passear nos parques da Disney e Universal. Atualmente, moram na Flórida quase 500 mil brasileiros; cerca de 180 mil só na área de Orlando. Bolsonaro passou cerca de 20 minutos no local.
Após a cerimônia oficial, Bolsonaro fez um discurso na Lagoinha Church, liderada pelo pastor, cantor e empresário André Valadão. Estavam presentes representantes das cerca de 50 igrejas evangélicas brasileiras da região. Os organizadores do evento, porém, fizeram questão de frisar que o encontro não foi religioso, mas uma oportunidade de o presidente poder estar mais próximo e se conectar com a comunidade brasileira.
"Somos pessoas normais. Podemos até viver sem oxigênio, mas jamais sem liberdade", disse o presidente na igreja.
Mais cedo, ao sair de seu hotel, o presidente lembrou que, nas eleições de 2018, cerca de 90% dos votos dos brasileiros na região foram para ele.
"Esse pessoal que saiu do Brasil veio buscar melhores oportunidades. No fundo, acredito que todos queriam ficar no Brasil. E esse vice-consulado dá paz para registrar filhos, algum problema diplomático resolver aqui, interessa para o turista também. E aqui, se não me engano, pouco mais de 300 mil brasileiros vivem na região. Então vai facilitar mais a vida deles, além de votar mais em paz aqui, que por coincidência deu 90% para mim em 2018", disse.
Após o encontro na igreja, Bolsonaro participou de uma motociata que durou cerca de 40 minutos. O presidente afirmou que este modelo de manifestação política de seus apoiadores está crescendo. Em Doha, capital do Catar, em novembro do ano passado, ocorreu algo semelhante. Mas desta vez, ela ficou restrita a uma volta do quarteirão: segundo Bolsonaro, devido às leis de trânsito locais.
"Nós vamos participar da motociata que o Brasil está exportando para o mundo", disse o presidente.
Mais cedo, o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que está foragido nos Estados Unidos, fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais em Orlando, da concentração da motociata. No vídeo, de aproximadamente seis minutos, ele se exibiu tirando fotos com apoiadores, que já estavam reunidos na região antes das 8 horas da manhã.
Em outubro do ano passado, o ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mandou prender Allan. Determinou ainda ao Ministério da Justiça o início imediato do processo de extradição, o que não foi concluído. Na Corte, ele foi alvo de investigações que apuravam ataques ao próprio STF e participação em atos antidemocráticos.
Durante a viagem nos Estados Unidos, Bolsonaro teve um encontro com o presidente Joe Biden, que derrotou o ex-presidente Donald Trump na eleição de 2020. Bolsonaro, que politicamente é mais próximo de Trump, disse que havia a possibilidade de encontrá-lo também, mas isso acabou sendo descartado.
"Havia a possibilidade de encontrar com o Trump também, mas resolvemos não nos encontrar, porque o momento parece que não... Eu teria que fazer uma viagem mais longa também. E viemos aqui conversar com Joe Biden, foi um convite dele. Foi acertada a agenda antes de vir para cá. Tudo que foi acertado foi cumprido", disse Bolsonaro.
Questionado se vai receber Trump no Brasil, Bolsonaro respondeu: "Conversei com ele essa semana. Convidei como sempre. Ele quer, dois meses antes das eleições, se encontrar comigo aqui ou lá".
Antes de voltar ao Brasil, Bolsonaro também iria se reunir, segundo pessoas próximas à organização da viagem, com o prefeito de Miami, Francis Suarez, do Partido Republicano, o mesmo de Trump. Os dois são potenciais candidatos a presidente na eleição de 2024. Apesar disso, Bolsonaro disse não ver nenhum problema em se encontrar com um possível rival de Trump.
"Vão se acertar como todos os partidos ver quem vai ser o candidato, ele, o Trump, seja quem for. Eu não tenho poder de influenciar as eleições americanas, e poderia fazer como chefe de estado, a autonomia do povo aqui. A torcida é interna. Dentro de casa, torço para um ou para outro".