Católicos espanhóis querem que a Igreja avance no sacerdócio e repense o papel da mulher
Os fiéis pedem ao Vaticano celibato opcional, a ordenação de mulheres e de homens casados
Os católicos espanhóis querem que o Vaticano considere uma mudança no sacerdócio no futuro, permitindo o celibato opcional, a ordenação de mulheres e de homens casados, aponta um documento divulgado neste sábado (11).
A Conferência Episcopal Espanhola, que reuniu 600 pessoas em Madri, apresentou um documento - que a AFP teve acesso à uma cópia - no qual sublinha "a necessidade de discernir com maior profundidade a questão do celibato facultativo no caso dos sacerdotes e da ordenação de casados (...), também a questão da ordenação de mulheres", embora alguns desses temas tenham sido levantados apenas por algumas congregações, observaram.
Nesse sentido, "é detectado um claro pedido de que, como Igreja, dialoguemos sobre eles para permitir um melhor conhecimento do Magistério (...) e poder oferecer uma proposta profética à nossa sociedade".
Além disso, destacaram também que “é necessário repensar o papel da mulher na Igreja”, para dar-lhe “maior protagonismo e responsabilidade”, especialmente nos espaços “em que são tomadas as decisões”.
E pedem que seja oferecido um acolhimento "mais cuidadoso" às pessoas divorciadas e que voltam a se casar, ou com outra orientação sexual.
“Sentimos que, como Igreja, devemos olhar, acolher e acompanhar cada pessoa em sua situação específica”, acrescentaram.
O documento, elaborado após consultas com mais de 215.000 pessoas, em sua maioria laicos, mas também padres e bispos, apresenta propostas que devem ser condensadas em um documento final que será apresentado no próximo Sínodo dos Bispos no Vaticano, em 2023.
O texto é publicado alguns meses após a abertura da primeira investigação sobre abuso sexual de menores na Igreja Católica espanhola, liderada por um comitê independente de especialistas.
A Igreja espanhola deu os primeiros passos contratando advogados para realizar uma investigação por conta própria, como já aconteceu na Alemanha e na França.