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Franceses votam em eleições legislativas decisivas para Macron

Pela primeira vez em 25 anos, os principais partidos de esquerda decidiram concorrer em uma frente unida, liderada por Jean-Luc Mélenchon

Eleições na França - Chistophe Simon / AFP

Os franceses comparecem às urnas neste domingo (12) para o primeiro turno das eleições legislativas que decidirão se o o presidente centrista Emmanuel Macron, reeleito há seis semanas, terá uma nova maioria parlamentar para aplicar seu programa de governo.

Os locais de votação abriram as portas às 8h (3h de Brasília) na França metropolitana para a maioria dos 48 milhões de eleitores, que começaram a votar no sábado (11) em grande parte dos territórios de ultramar.

Pela primeira vez em 25 anos, os principais partidos de esquerda - ecologistas, comunistas, socialistas e França Insubmissa (esquerda radical) - decidiram concorrer em uma frente unida, liderada por Jean-Luc Mélenchon.

O político veterano de 70 anos, que por pouco não chegou ao segundo turno da eleição presidencial, ao receber quase 22% dos votos, busca a revanche no que considera o "terceiro turno" da votação, com o objetivo de impedir Macron de aplicar seu programa de linha liberal.

Para a Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes), liderada por Mélenchon, os franceses reelegeram o político de centro em 24 de maio não por seu programa, e sim para evitar a chegada ao poder de sua rival no segundo turno, a candidata de extrema-direita Marine Le Pen.

As pesquisas apontam um empate entre a aliança centrista Juntos! e a frente de esquerdas no primeiro turno e vitória do governo no segundo turno, programado para 19 de junho, mas sem maioria absoluta - apenas relativa - para Macron.

A abstenção é a principal questão, em particular para a esquerda radical e a extrema-direita, cujos eleitores apresentam maior tendência de não comparecer às urnas. Mais da metade dos eleitores podem não votar neste domingo, de acordo com as pesquisas.

O índice de participação era de 18,43% ao meio-dia (7H00 de Brasília), 0,8 ponto abaixo do resultado registrado no mesmo horário das legislativas em 2017 (e 2,5 pontos a menos que em 2012)   

577 cadeiras em disputa

Diante do avanço da Nupes e da possibilidade de perder a maioria absoluta, o presidente francês, de 44 anos, entrou na campanha na reta final para pedir uma "maioria forte e clara" diante dos "extremos".

Para Macron está em jogo a possibilidade de conseguir aplicar o programa de governo, cujo custo ele calculou em abril em 50 bilhões de euros por ano e que inclui o adiamento da idade mínima de aposentadora de 62 para 65 anos, assim como a retomada da energia nuclear.

O sistema eleitoral francês dificulta as projeções de resultados. Os eleitores devem escolher o deputado de sua circunscrição - 577 no total - em um sistema uninominal de dois turnos.

Após o segundo turno de 19 de junho, o país saberá se Macron recebeu a confiança total dos franceses com mais de 289 deputados (maioria absoluta), se ele será obrigado a negociar com uma maioria relativa ou se terá que governar em "coabitação".

No último cenário, "ele não estabeleceria mais a política da nação, e sim a maioria na Assembleia e o primeiro-ministro que sair desta", explica Dominique Rousseau, professor de Direito Constitucional na Universidade Panthéon-Sorbonne.

A França já conheceu mandatos com um governo e um presidente de tendências políticas diferentes. A última coabitação ocorreu de 1997 a 2002, quando o presidente conservador Jacques Chirac nomeou o socialista Lionel Jospin como primeiro-ministro.

Como Jospin, que liderou a aliança Esquerda Plural nas legislativas de 1997, Mélenchon espera se tornar o chefe de Governo. A ideia de ver o "Chávez francês, nas palavras do ministro da Economia, no poder preocupa o partido governista.

Ao contrário da eleição presidencial, a extrema-direita - dividida - não chega para as legislativas em posição de força, além de seus redutos no norte e sudeste do país. E o partido de direita tradicional Os Republicanos joga seu futuro depois do péssimo resultado em abril.

Embora o poder aquisitivo, em um contexto de alta de preços devido à guerra na Ucrânia, apareça como a principal preocupação, a campanha foi marcada por diversas polêmicas sobre a atuação da polícia, como a da final da Liga dos Campeões no Stade de France.

A votação termina 20h (15h) nas grandes cidades, como Paris, horário em que devem ser divulgadas as primeiras estimativas dos institutos de pesquisa.