Guerra na Ucrânia

ONU pede que crianças da Ucrânia não sejam encaminhadas para adoção na Rússia

Organização alerta para o risco de adoção forçada de crianças durante o conflito e diz que fornece meios para que retornem às suas famílias

ONU havia expressado em março preocupação com o risco de adoções forçadas de crianças da Ucrânia - Bulent Kilic/AFP

Nenhuma criança ucraniana deveria ser encaminhada para adoção na Rússia, disse, nesta terça-feira (14), em entrevista coletiva a diretora regional para a Europa e Ásia Central do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Afshan Khan.

Sempre insistimos em que nenhuma criança seja encaminhada para adoção durante um conflito, porque a ONU favorece que retornem às suas famílias. Qualquer decisão de transferir uma criança deve ser baseada em seu melhor interesse, e qualquer movimento deve ser voluntário", com o consentimento informado da família, assinalou Afshan.

"Reafirmamos, em particular à Federação Russa, que a adoção nunca deve ocorrer durante ou imediatamente após uma emergência" humanitária, porque as crianças que são separadas de suas famílias "não podem ser consideradas órfãos", insistiu a diretora, que retornou recentemente de uma estadia na Ucrânia.

Sobre as crianças "que foram enviadas para a Rússia, trabalhamos em estreita colaboração com mediadores e redes para ver como podemos documentar melhor seus casos", acrescentou, sem fornecer números atualizados sobre as mesmas. 

A diretora do Unicef esclareceu que o programa não tem "acesso às crianças que estão além da fronteira russa. Isso é algo que teríamos que fazer em acordo com o governo russo."

A ONU havia expressado em março preocupação com o risco de adoções forçadas de crianças da Ucrânia, principalmente as que estão em instituições ou internatos (cerca de 100 mil, não necessariamente órfãs e cerca de metade deficientes), muitos deles localizados no leste do país.