Conflito

Israel preocupado com atividade aérea iraniana na América Latina

País acusa duas companhias aéreas iranianas de se dedicarem ao tráfico de armas

Bandeira de Israel - Divulgação

A embaixada de Israel em Buenos Aires expressou nesta quinta-feira (16) "preocupação" com as atividades na América Latina de duas companhias aéreas iranianas, que acusa de "se dedicarem ao tráfico de armas", e aplaudiu a decisão da Argentina de reter um avião venezuelano com tripulantes iranianos.

Um comunicado da representação diplomática reconheceu "a ação rápida" da Argentina, onde um avião cargueiro venezuelano que pousou no aeroporto de Ezeiza em 6 de junho com 19 tripulantes - cinco iranianos e 14 venezuelanos - foi retido sob investigação judicial.

"O Estado de Israel está particularmente preocupado com a atividade das companhias aéreas iranianas Mahan Air e Qeshm Fars Air na América Latina, empresas que se dedicam ao tráfico de armas e à transferência de pessoas e equipamentos que operam para a Força Quds, que são sancionadas pela Estados Unidos por estarem envolvidos em atividades terroristas", disse o comunicado.

Al Quds, uma força de elite dos Guardiões da Revolução - o exército ideológico iraniano -, é classificado como uma organização terrorista pelos Estados Unidos. Embora a Argentina não inclua o grupo em sua lista, o nome de um dos membros da tripulação está no documento.

O avião de carga retido no aeroporto de Ezeiza, nos arredores de Buenos Aires, pertence à empresa Emtrasur, subsidiária da venezuelana Conviasa, sob sanções do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. A aeronave foi comprada há um ano da companhia aérea iraniana Mahan Air.

Como resultado da investigação iniciada no último domingo pela justiça local, os 19 tripulantes estão proibidos de deixar a Argentina. O caso está sob sigilo sumário.

A embaixada israelense expressou seu "reconhecimento pela ação rápida, eficaz e firme das forças de segurança argentinas que identificaram em tempo real a potencial ameaça da aeronave".

O ministro da Segurança, Aníbal Fernández, elogiou o conteúdo do comunicado, bem como o embaixador dos Estados Unidos na Argentina, Marc Stanley, que agradeceu as medidas tomadas pelo governo local.

"A Argentina sofreu dois ataques em 1992 e 1994, não estar vigilante seria uma grande preocupação, mas ninguém ficou parado", disse o ministro à rádio Delta.

A Argentina sofreu um ataque à embaixada israelense em 1992 e outro ao centro judaico da AMIA em 1994, causando um total de 114 mortes e cerca de 500 feridos.

"O governo executou todas as medidas que tinham que ser realizadas", disse a porta-voz presidencial, Gabriela Cerruti, nesta quinta-feira, que lembrou que "nenhum dos tripulantes tinha alertas ou antecedentes".