Bolsonaro diz que não viu Allan dos Santos durante viagem aos EUA: "Se visse, apertaria a mão"
Presidente voltou a criticar o ministro do Supremo Alexandre de Moraes ao comentar sobre blogueiro foragido
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não viu o blogueiro Allan dos Santos durante a viagem que fez aos Estados Unidos na semana passada mas que o cumprimentaria caso o encontrasse. Allan dos Santos é alvo de um mandado de prisão expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, mas está foragido nos Estados Unidos.
Moraes já determinou o início do processo de extradição, que não foi concluído. No Supremo, Allan é alvo de investigações que apuram ataques ao STF e a participação em atos antidemocráticos.
"Eu não vi o Allan dos Santos nos Estados Unidos. Se tivesse visto, teria apertado a mão dele. Sem problema nenhum. Ele não está na lista vermelha da Interpol", afirmou Bolsonaro.
Apesar de Bolsonaro ter dito que não viu o blogueiro, Allan dos Santos esteve em pelo menos dois eventos aos quais Bolsonaro compareceu em Orlando, na Flórida: um culto evangélico e uma motociata. Ao comentar sobre o assunto, Bolsonaro aproveitou para criticar o ministro Alexandre de Moraes.
"Você pode falar que eu tenho que reconhecer o que o Supremo decide. Espera aí. Aquilo, para mim, não é crime o que ele (Allan) cometeu. Se for alguma coisa passível de qualquer ação, é injúria, calúnia, difamação, e a pena não é prisão. E outra coisa, existe acordo de extradição entre Brasil e EUA, no caso do Allan dos Santos, mesmo que ele venha a ser condenado aqui. Condenado porque é o cara que denuncia, julga, cara que investiga, cara que condena. É o mesmo cara", disse Bolsonaro, em referência a Moraes.
Bolsonaro também comentou sobre outra polêmica em torno da sua viagem aos Estados Unidos: a informação de que ele teria pedido ajuda para o presidente Joe Biden nas eleições brasileiras.
De acordo com a agência de notícias "Bloomberg", dos Estados Unidos, no encontro, que aconteceu às margens da Cúpula das Américas, em Los Angeles, o líder brasileiro retratou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como perigoso para os interesses dos EUA, segundo fontes com conhecimento sobre a conversa.
"Quem é que disse? Afirmam fontes. Fala quem foi. Você acha que eu tratei isso? A primeira bilateral tinha mais ou menos 20 pessoas, e eu tratei com Biden? "Biden, me ajuda nos Estados Unidos, grava um vídeo comigo aqui, tira uma selfie"? Pelo amor de Deus", afirmou.
Bolsonaro afirmou, contudo, que também se reuniu reservadamente com o presidente americano.
"Eu, o Carlos França, nosso chanceler, o Biden, o chanceler dele e mais uma senhora que serviu de intérprete. Ponto final. O que tratamos ali? Ninguém falou. Ou fala eu, ou fala o França. Nós não falamos nada, coisas reservadas. E do lado do Biden? Se alguém Biden quiser falar o que aconteceu, não posso fazer nada. Agora, segundo a imprensa, eu fui pedir apoio do Biden", afirmou.