Investigação

Identificados os restos mortais do jornalista britânico Dom Phillips

Confirmação foi feita por meio de exame da arcada dentária

O jornalista Dom Phillips, de 57 anos - João Laet / AFP

A Polícia Federal anunciou, nesta sexta-feira (17), que foram identificados os restos mortais do jornalista britânico Dom Phillips entre o "material" encontrado em uma área remota da Amazônia, onde um dos suspeitos de seu assassinato disse tê-lo enterrado junto com o corpo do indigenista brasileiro Bruno Pereira.

A PF acrescentou que trabalha para estabelecer a "identificação completa" do material encontrado no local, onde também se acredita que esteja enterrado o corpo de Pereira, um respeitado indigenista.

"A confirmação foi feita com base no exame de odontologia legal combinado com a antropologia forense. Encontram-se em curso os trabalhos para completa identificação dos remanescentes, para a compreensão das causas das mortes, assim como para indicação da dinâmica do crime e ocultação dos corpos", informou a PF. 

Os restos mortais de Phillips, 57 anos, colaborador do jornal "The Guardian", estavam em uma área apontada pelo pescador Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como 'Pelado', que confessou na terça-feira ter enterrado os corpos na floresta, perto da cidade de Atalaia do Norte. 

No dia seguinte, 'Pelado', um dos dois suspeitos detidos pelo crime, levou as autoridades até o local onde os enterrou.

Nessa quinta-feira (16), os restos mortais de Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram ao Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, em Brasília, onde estão sendo periciados para confirmação da identidade. 

Phillips e Pereira, de 41 anos, estavam na Amazônia como parte da preparação de um livro do jornalista sobre a preservação ambiental na região.

Eles foram vistos pela última vez em 5 de junho, quando viajavam de barco rumo a Atalaia do Norte, no Vale do Javari, uma região conhecida por sua periculosidade e pela presença de atividades ilícitas, como o narcotráfico e a pesca e o garimpo ilegais.

A polícia havia dito mais cedo nesta sexta-feira que suas investigações indicam que os grupos criminosos que atuam naquela área não têm relação com a morte do repórter e do indigenista. Mas a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), cujos membros participaram ativamente das buscas, refutou quase que imediatamente a versão policial.

"Não se trata apenas de dois executores, e sim de um grupo organizado que planejou minimamente os detalhes desse crime", afirmou a Univaja, ressaltando que autoridades haviam ignorado numerosas denúncias sobre as atividades de grupos criminosos naquela área.

A organização enviou a autoridades em abril um relatório no qual explicava que "Pelado" estava envolvido em atividades de pesca ilegal e já havia sido "acusado de ser autor de ataques com armas de fogo em 2018 e 2019 contra uma base da Funai".

A Univaja refere-se a uma "poderosa organização criminosa que tentou a todo custo ocultar seus rastros durante a investigação" do duplo homicídio, lembr