Mbappé denuncia "racismo" após pênalti perdido na Euro e rebate presidente da federação francesa
Noël Le Graët considera que o racismo no futebol "não existe ou existe pouco"
Depois de o presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Noël Le Graët, ter falado neste domingo (19) da falta de apoio sentida por Kylian Mbappé após a eliminação na última Eurocopa, o craque francês reagiu no Twitter, lamentando que o responsável do organismo não tenha levado em conta o "racismo" de que foi vítima.
Em um tuíte, o atacante do PSG criticou uma declaração do presidente da FFF em entrevista ao Journal Du Dimanche, onde o dirigente dizia que Mbappé "achava que a federação não o havia defendido depois de seu pênalti perdido (contra a Suíça na Eurocopa disputada no ano passado) e as críticas nas redes sociais".
"Expliquei a ele acima de tudo que era sobre racismo, e NÃO sobre o pênalti", respondeu o jogador em sua conta no Twitter. "Mas ele considerou que não havia ocorrido racismo...".
No jornal, Noël Le Graët falou mais amplamente sobre sua relação com Kylian Mbappé e as conversas após a eliminação nas oitavas de final contra a Suíça (3-3, 5-4 nos pênaltis), onde o atacante parisiense não converteu seu pênalti, o último, que levou à eliminação.
"Achava que a federação não o havia defendido depois do pênalti perdido e das críticas nas redes sociais. Nos reunimos durante cinco minutos no meu escritório. 'Não quis dizer isso, pelo contrário, você sempre foi muito gentil'", explicou o presidente da FFF, acrescentando que o atacante "não queria mais jogar pela seleção francesa, algo em que obviamente não pensava".
- "Pouco ou nada" de racismo no futebol -
Em setembro de 2021, Noël Le Graët já havia sido alvo de críticas após declarar que o racismo no futebol "não existe ou existe pouco".
Alguns meses antes, em julho, a promotoria de Paris havia anunciado uma investigação sobre mensagens racistas dirigidas a alguns jogadores da seleção francesa após a Eurocopa.
O presidente do Conselho Executivo da coletividade territorial da Martinica, Serge Letchimy, escreveu em 30 de junho ao ministro da Justiça, Eric Dupond-Moretti, para condenar "palavras injuriosas" direcionadas a Mbappé.
Entre elas, uma mensagem amplamente difundida que insultou o atacante do PSG com a frase "preto sujo" que "merece receber uma centena de chicotadas".
No sábado, a Fifa publicou um relatório que falava do aumento do número de insultos de que são vítimas nas redes sociais.
De acordo com este estudo, 38% deles são racistas.
A cinco meses da Copa do Mundo, a Fifa também anunciou que está desenvolvendo um "plano de proteção para as equipes, jogadores, árbitros e torcedores" contra esse tipo de mensagem durante as competições internacionais.
Esse plano incluiria um "serviço de moderação" que permitirá detectar as mensagens e torná-las invisíveis "para destinatários e seus assinantes".
- Direitos de imagem -
Esta amarga troca de mensagens entre o presidente da FFF e uma das principais estrelas dos 'Bleus' ocorre após um período de desentendimento entre eles sobre os direitos de imagem dos jogadores da seleção francesa.
No sábado, ao final da assembleia geral da FFF, Noël Le Graët garantiu que "não haverá mudanças. Até a Copa do Mundo, pelo menos".
E com Mbappé, "a situação se acalmou", assegurou, especificando que esses direitos continuariam a ser distribuídos igualmente entre os jogadores selecionados. "Vi Mbappé sozinho. E depois Mbappé no (centro de treinamento da FFF) Clairefontaine, em um grupo com quem conversei. Depois vi todos os jogadores."
"Não há problema, não há nenhuma dissidência. Pelo contrário, foi tudo muito amigável. Com ele (Mbappé) primeiro, e depois com os 'grognards' (o capitão Hugo Lloris, o zagueiro Raphaël Varane, o meio-campista N'Golo Kanté e o atacante Antoine Griezmann )", explicou o presidente. Sem ser contrariado nas redes sociais.