Saúde

Neurologista de Guta Stresser explica esclerose múltipla: 'É possível viver muito bem'

A esclerose múltipla é uma doença autoimune, o que quer dizer que o sistema imunológico ataca as suas próprias células em vez de protegê-las

A esclerose múltipla é uma doença que ataca o sistema nervoso - Reprodução

A atriz Guta Stresser, conhecida por ter interpretado a personagem Bebel no programa "A grande família" (2001-2014), revelou que foi diagnosticada com esclerose múltipla, que afeta o sistema nervoso central. A neurologista Nathane Braga, responsável pelo tratamento da artista de 49 anos, usou o Instagram para explicar a doença, ainda sem cura.

"Apesar de ser considerada rara, afeta muitas pessoas. E, ainda hoje, muitas vezes o diagnóstico é feito em um período tardio", esclareceu a médica, acrescentando que "é possível viver muito bem com a esclerose múltipla". Estimativas da Federação Internacional de Esclerose Múltipla apontam que há cerca de 2,5 milhões de pessoas diagnosticadas com a doença no mundo. O estudo mostra que os pacientes brasileiros têm, em média, 41 anos, sendo 74% mulheres e 26% homens.

O que é esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença crônica e progressiva que afeta o cérebro e a medula espinhal. Ela piora à medida que o sistema imunológico danifica uma substância chamada mielina, que protege as fibras nervosas do cérebro e da medula espinhal.

Quando aparecem lesões ou cicatrizes, as células nervosas não conseguem se comunicar umas com as outras de forma eficaz. O início da doença ocorre normalmente na juventude, por volta dos 30 anos.

'Diagnóstico não é sentença'

A esclerose múltipla é uma doença autoimune, o que quer dizer que o sistema imunológico ataca as suas próprias células em vez de protegê-las. Os sintomas dessa doença complexa muitas vezes afetam a mobilidade, os sentidos, a visão e o equilíbrio. Apesar do seu mecanismo ser conhecido, a causa ainda é um mistério.

"Comecei a esquecer palavras bem básicas, como 'copo' e 'cadeira'. Se ficava duas horas parada assistindo a um filme na TV, logo sentia dores musculares. Tinha formigamentos frequentes nos pés e nas mãos, enxaquecas fortíssimas e variações de humor. O pior era um zumbido constante no ouvido. Parecia que havia ali um fio desencapado, provocando um curto-circuito na minha cabeça", contou Guta Stresser, em entrevista à revista "Veja", sobre o início dos sintomas.

A neurologista Nathane Braga frisa, em material didático preparado em conjunto com a organização Iniciativa FIS, que "no momento em que o paciente recebe o diagnóstico, ele vai levá-lo para o resto da vida, pois existe tratamento, mas não tem cura".

Até o momento, a ciência não conhece uma forma de prevenir a esclerose. "Os especialistas não sabem por que esse processo é desencadeado. O que está comprovado é que atinge os movimentos e a fala. Tive muito medo", contou Guta. "Pela minha cabeça se desenrolava um filme em que eu ficava completamente incapacitada. Mas, com a ajuda da neurologista, entendi que diagnóstico não é sentença e que, apesar da doença não ter cura, ela tem, sim, tratamento", acrescentou a atriz.

Sabe-se que a esclerose múltipla é multifatorial. Ou seja, ela é causada por fatores genéticos e ambientais. É por isso que não se pode dizer que uma infecção causa a doença. Cientistas comprovaram recentemente que determinados fatos, como tabagismo e obesidade, podem piorar a progressão dos sintomas.

"Quanto antes um diagnóstico é feito, melhor é o parecer do médico em relação à evolução da doença e a expectativa de se ter uma vida sem sequelas e funcional a longo prazo", finaliza a neurologista.