Mais de 130 mortos no Mali por supostos jihadistas
Desde que esta organização afiliada ao grupo Al Qaeda surgiu no centro do Mali em 2015, a região tem sido palco de agressões jihadistas
Nos últimos três dias, 132 civis foram assassinados nas cidades de Diallassagou, Diaweli e Dessagou, localizadas no centro do Mali. Os ataques foram atribuídos aos jihadistas, disseram as autoridades locais e um alto funcionário do governo nesta segunda-feira (20).
"Também queimaram cabanas, casas e roubaram gado", declarou por telefone uma autoridade local, que pediu anonimato. Tanto este funcionário quanto outro indicaram que a contagem de mortes prosseguia nesta segunda-feira. Ambos tiveram que fugir de suas cidades.
Enquanto isso, o funcionário Nouhom Togo, em Bamako, contou que o exército regular conseguiu chegar ao local, permitindo a contagem de mortos. Togo informou nas redes sociais que o número de vítimas era muito maior que o balanço oficial do governo, de 132 mortos.
O chefe da junta que governa o Mali desde agosto de 2020, coronel Assimi Goita, decretou três dias de luto oficial.
Segundo Togo explicou à AFP, há duas semanas o exército foi mobilizado na região, o que gerou confrontos com os jihadistas. Várias dezenas desses últimos teriam voltado de moto na sexta-feira para se vingar da população, explicou o representante eleito.
"Eles chegaram e disseram às pessoas: 'vocês não são muçulmanos', na língua peul, e levaram os homens, cerca de cem. A uns dois quilômetros, mataram as pessoas sistematicamente", afirmou.
O governo culpou o grupo Katiba Macina, liderado pelo pregador peul (fulani) Amadou Kouffa, pelos ataques.
Desde que esta organização afiliada ao grupo Al Qaeda surgiu no centro do Mali em 2015, a região tem sido palco de agressões jihadistas, autodeclaradas milícias de autodefesa e combates intercomunitários. Grande parte da área está fora do controle do governo central.
Mali está afundado em uma profunda crise política, de segurança e humanitária desde o início dos movimentos de insurgências separatistas e jihadistas em 2012.
A propagação do jihadismo vem se estendendo ao centro do Mali e aos países vizinhos, como Burkina Faso e Níger.