Após prisão, Bolsonaro muda tom sobre Milton Ribeiro: "Ele que responda pelos atos dele"
Presidente chegou a dizer, em março, que colocaria "cara no fogo" pelo então auxiliar
Depois de ter dito em março que colocaria a "cara no fogo” pelo seu então ministro da Educação Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro agora mudou o discurso após seu antigo auxiliar ter sido preso. Em entrevista à Rádio Itatiaia nesta quarta-feira, Bolsonaro defendeu que ele “responda pelos atos dele”:
"O caso do Milton, pelo que eu estou sabendo, é aquela questão que ele estaria com uma conversa meio informal demais com algumas pessoas de confiança dele. E daí houve denúncia que ele teria buscado prefeito, gente dele, para negociar, para liberar recursos. O que acontece? Nós afastamos ele. Se tem prisão, é Polícia Federal. É sinal de que a Polícia Federal está agindo. Que ele responda pelos atos dele", disse Bolsonaro.
O presidente afirmou que não pode ser culpado pelos atos de seus subordinados: "Mas, se tem algum problema, a PF está agindo. Está investigando. É um sinal que eu não interfiro na PF. Porque isso vai respingar em mim, obviamente. Eu tenho 23 ministros, mais uma centena de secretários, mais de 20 mil cargos comissionados. Se alguém faz algo de errado, pô, vai botar a culpa em mim?"
A Polícia Federal cumpre mandados de prisão e busca e apreensão nesta quarta contra Milton Ribeiro e os pastores-lobistas Arilton Moura e Gilmar Santos, por suspeitas de crimes na liberação de recursos do Ministério da Educação para prefeituras.
A operação foi autorizada pela 15ª Vara Federal do Distrito Federal e apura crimes como corrupção e tráfico de influência durante a gestão de Milton Ribeiro. A investigação teve início no Supremo Tribunal Federal, mas foi enviada à primeira instância depois que Milton deixou o cargo de ministro da Educação do governo Bolsonaro.
No total, são cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e cinco prisões preventivas nos estados de Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal, além de medidas cautelares como a proibição do contato entre os investigados.