'Tá cheirando a sacanagem', diz Flávio após divulgação de áudio de ex-ministro citando Bolsonaro
Senador criticou que inquérito não tenha sido enviado imediatamente ao STF diante da menção a Jair Bolsonaro em gravação de Milton Ribeiro
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reagiu à divulgação de áudio do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, citando que em telefonema o presidente da República disse que achava que poderia ter uma busca e apreensão.
Em publicação no Twitter, o filho mais velho de Jair Bolsonaro criticou que o inquérito não tenha sido enviado imediatamente ao Supremo Tribunal Federal (STF) por mencionar o titular do Palácio do Planalto, com foro privilegiado. “Tá cheirando a ‘sacanagem’, além de crime, claro”, disse.
“Então havia gravação do ex-Ministro falando que ‘ele’ achava que poderia ter busca e apreensão? Se ‘ele’ era Bolsonaro, porque o juiz e o procurador do @MPF_PGR (Ministério Público Federa) não remeteram os autos ao @STF_oficial (Supremo Tribunal Federal) ao invés de prender o ex-ministro. Tá cheirando a 'sacanagem’, além de crime, claro”, escreveu Flávio em seu perfil na rede social.
Politicamente, a crise causada pela prisão do ex-ministro é considerada um "desastre" por integrantes do núcleo de campanha de Bolsonaro. O fato, na avaliação de aliados, cria uma "tempestade perfeita" que municia adversários e dificulta a arrancada de Bolsonaro, que tenta encostar no ex-presidente Lula (PT) nas pesquisas de intenção de voto.
O ex-ministro da Educação foi preso na última quarta-feira por suspeitas de crime envolvendo o repasses de verbas do MEC para prefeituras. Os pastores-lobistas Gillmar Santos e Arilton Mourão também foram presos na Operação da Polícia Federal. No dia seguinte, os três foram libertados após uma decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1)
Nesta sexta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) apontou que houve indícios de vazamento da operação da Polícia Federal contra o ex-ministro e "possível interferência ilícita por parte do presidente da República Jair Bolsonaro nas investigações". A partir disso, o MPF solicitou o envio do caso ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O indício de vazamento foi encontrado nas interceptações telefônicas do ex-ministro e apontado pela Polícia Federal. A informação foi antecipada pelo site "Metrópoles" e confirmada pelo GLOBO. Em uma conversa com sua filha realizada no dia 9 de junho, Ribeiro relata uma conversa telefônica com Bolsonaro e cita que o presidente achava que fariam uma busca e apreensão contra seu ex-ministro.
— A única coisa meio... hoje o presidente me ligou... ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né? disse Ribeiro para a filha, conforme gravação obtida pelo g1.
— Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios né...
O juiz federal Renato Borelli, da 15ª Vara Federal do Distrito Federal, então, acolheu o pedido para enviar para o Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação contra Milton Ribeiro. De acordo com a decisão, o pedido para envio ao STF partiu do Ministério Público Federal "pois verificada a possível interferência nas investigações por parte de detentor de foro por prerrogativa de função no Supremo".