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FAO-OCDE: agricultura deve ser mais produtiva para eliminar a fome e poluir menos

As duas organizações calculam que "a produtividade agrícola mundial terá que aumentar 28% na próxima década" para eliminar a fome e reduzir as emissões de GEE

Sede OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) - Reprodução/Instagram

Os objetivos de erradicar a fome e reduzir as emissões de gases do efeito estufa na agricultura não serão alcançadas até 2030 se esta não "se tornar mais eficiente", afirmam Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a OCDE em um relatório. 

Em um documento sobre perspectivas agrícolas publicado nesta quarta-feira (29), as duas organizações calculam que "a produtividade agrícola mundial terá que aumentar 28% na próxima década" para eliminar a fome e reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE), de acordo com as metas estabelecidas pelo Acordo de paris sobre o clima. 

Para isto seria necessário "mais que triplicar o aumento da produtividade agrícola da última década". 

O aumento do rendimento dos cultivos a nível mundial teria que passar de 13% a 24% em 2022-2031, enquanto a produtividade do gado precisaria aumentar em 31%.

"Se o status quo for mantido, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável ODS-2 'Fome Zero' da ONU não será alcançado até 2030, e as emissões de GEE agrícolas continuarão aumentando", alertam a FAO e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. 

As duas organizações esperam que a produção agrícola mundial aumente em média 1,1% por ano entre 2022 e 2031, principalmente nos países de renda baixa e média 

Os "investimentos para aumentar o rendimento e a melhor gestão das propriedades devem estimular a produção agrícola", afirmam.

No caso de algumas regiões, como América Latina e Caribe, o relatório destaca "um grande potencial para ampliar a produção, embora a pobreza reduza o consumo de alimentos".

Ao mesmo tempo, as organizações esperam que a nível global a produção pecuária e pesqueira aumente 1,5% por ano, principalmente graças a uma gestão mais eficiente e a métodos de alimentação mais intensivos

As perspectivas de crescimento pressupõem "maior acesso a insumos (como fertilizantes) e investimentos em tecnologia, infraestruturas e treinamento que aumentem a produtividade"

A guerra na Ucrânia, no entanto, provocou a disparada dos preços da energia e dos insumos. E um aumento prolongado "elevará os custos de produção e poderá limitar o crescimento" nos próximos anos, alertam a FAO e a OCDE, o que podem provocar mudanças nas previsões.