ELEIÇÕES 2022

Braga Netto deixa o governo para concorrer como vice na chapa de Bolsonaro

Outros nomes de confiança do presidente também deixaram o governo nesta sexta para concorrerem nas eleições

Braga Netto - Reila Maria / Câmara dos Deputados

Walter Souza Braga Netto deixou o Governo Federal nesta sexta-feira (1º) para cumprir o prazo determinado pela Lei Eleitoral para que ele possa concorrer nas eleições deste ano. Braga Netto ocupava o cargo de Assessor Especial do Gabinete Pessoal do Presidente da República. Ele deixa o governo para ser o vice na chapa de Bolsonaro na tentativa de reeleição ao Planalto.

O general é ex-ministro da Defesa e deixou o comando da pasta no dia 31 de março também em respeito à legislação. Na época, ele já era cotado para estar ao lado do presidente na campanha. Na mesma data, outros nove ministros deixaram o governo.

Na semana passada, Bolsonaro confirmou que Braga Netto seria seu vice. Antes do anúncio, o núcleo político da campanha tentava emplacar a ex-ministra da Agricultura e deputada Tereza Cristina (PP-MS) na chapa para disputar a reeleição por considerá-la um nome mais forte para a disputa.

O presidente havia dito que só indicaria o seu vice às vésperas da convenção partidária, mas antecipou o anúncio por dois motivos, segundo interlocutores: para encerrar especulação sobre Tereza Cristina e criar um "fato novo" para a campanha na tentativa de mudar a agenda. Nos últimos dias, o governo enfrenta uma crise devido a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, por suspeitas de irregularidades na distribuição de recursos da pasta para prefeituras.

Como O Globo mostrou, a ameaça de perder a vaga de vice fez com que Braga Netto assumisse mais funções no comitê de campanha. Nos últimos dias, ele passou a atuar de forma mais intensa na coordenação do grupo e se aproximou dos responsáveis pelo marketing da disputa eleitoral.

Pessoas próximas ao presidente afirmam que ele não abriria mão de mais uma vez ter um general ao lado. Braga Netto é visto por Bolsonaro como um “seguro-impeachment” em um eventual segundo mandato, ou seja, alguém que a classe política não gostaria de alçar à condição de presidente, principalmente por se tratar de um general ainda próximo do comando das Forças Armadas. Além disso, o ex-ministro da Defesa também cumpre a função de construir a imagem de que Bolsonaro tem o respaldo irrestrito dos militares.

O general da reserva entrou no governo em fevereiro de 2020, inicialmente para comandar a Casa Civil. Ganhou a confiança de Bolsonaro por ter coordenado as ações do governo durante a pandemia de Covid-19.

No ano seguinte, quando o presidente demitiu Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa, por falta de alinhamento, precisava colocar alguém de sua confiança no cargo, e o escolhido foi Braga Netto.

Como titular da Defesa, Braga Netto ajudou a organizar um desfile de blindados realizado em frente ao Palácio do Planalto no dia em que a Câmara dos Deputados votaria uma proposta que instituía o voto impresso. O ministro também articulou uma nota rebatendo declarações do presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), que havia questionado a participação de alguns militares em suspeitas de irregularidades no Ministério da Saúde.

A atuação nos dois ministérios credenciou o general a ser escolhido por Bolsonaro como seu vice. O presidente já disse que precisa de um companheiro de ajuda que “para ajudar a governar” e que “não tenha ambições de assumir” a sua cadeira — Bolsonaro teme que com um político no posto, possa ser alvo de impeachment.

Outros nomes deixam o governo
Outros nomes de confiança do presidente Jair Bolsonaro também deixaram o governo nesta sexta-feira: Max Guilherme, Mosart Aragão e Tercio Arnaud.

Max é sargento licenciado do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e deixa o governo para concorrer como deputado federal, assim como o tenente do Exército Mosart Aragão. Os dois eram Assessores Especiais do gabinete pessoal de Bolsonaro.

Tercio irá compor a chapa do pré-candidato ao Senado Bruno Roberto (PL-PB) como primeiro suplente. Ele é homem do confiança de um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro. Tercio já foi apontado como como o líder do chamado "gabinete do ódio", termo para designar um grupo dentro do Palácio do Planalto que supostamente dissemina mensagens difamatórias contra adversários de Bolsonaro e cuida de suas redes sociais. O Planalto nega que exista um grupo do tipo na estrutura institucional da Presidência.