ORÇAMENTO SECRETO

Nunes Marques, do STF, manda senador explicar orçamento secreto obrigatório

Comissão aprovou texto da LDO que torna impositivas as emendas de relator. Lei ainda será analisada pelo Congresso

Ministro do STF, Nunes Marques - Reprodução

O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) esclareça o dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que prevê que as emendas de relator, conhecidas como orçamento secreto, sejam impositivas — isto é, torna seu pagamento obrigatório.

O texto da LDO, com o instrumento, foi aprovado na última quarta-feira na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Caso seja aprovado pelo Congresso, a medida pode enfraquecer o próximo presidente, visto que ele ficará obrigado a fazer os pagamentos das emendas de relator.

"Reputo indispensável a prévia colheita de esclarecimentos para o adequado e seguro enfrentamento do direito líquido e certo invocado", diz o ministro do STF no despacho.

No mesmo documento, Nunes Marques determina que, após os esclarecimentos prestados por Marcos do Val, a Advocacia-Geral da União (AGU) seja notificada. Só depois a Procuradoria-Geral da República (PGR) irá se manifestar.

Na última quinta-feira, senadores Alessandro Vieira (PSDB-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) acionaram o Supremo contra a medida. No documento, os parlamentares argumentam que, em um cenário de crise, o Congresso não pode obrigar “o próximo chefe do Poder Executivo a atender suas emendas secretas”:

“O Brasil enfrenta grave crise econômica, desemprego e inflação em alta, aumentos exponenciais do preço de alimentos, gasolina e diesel, cenário que ainda revela o número aterrorizante de 33 milhões de brasileiros em situação e insegurança alimentar. Não se pode permitir que o Congresso Nacional obrigue o próximo chefe do Poder Executivo a atender suas emendas secretas, gastando bilhões dos cofres públicos, onde não foram estabelecidos ainda mecanismos concretos de transparência e controle”.

Ao tornar as emendas impositivas, o relatório do senador Marcos do Val faz com que elas não possam ser contingenciadas, ou seja, deixadas para pagar depois, nem tenham seus beneficiários alterados pelo governo.